domingo, 30 de agosto de 2015

vá embora...

Você acredita no amor, acredita nas mensagens bonitas e no carinho falso dado pelo longo da semana. Acredita que podes sim ser feliz, diferenças e tristezas deixadas para trás, um novo mundo, uma nova história. Acredita, inclusive, que está fazendo o seu melhor e está feliz, pronto para viver uma nova história e disposto a incríveis sacrifícios para se viver e viver em paz, há dois.

Triste realidade da vida de alguém é encontrar uma meretriz baixa e infeliz, menina dos olhos risonhos disposta a enganar e bagunçar algo que até então estava ordem, me deixe em paz, vaca.

Aliás, como podemos viver em um mundo bom, as pessoas más levam incríveis vantagens, mais uma vez tive a prova disso, mais uma vez preferistes a mentira, mesmo eu acreditando cegamente na mentira desta meretriz, vaca.

Quantos amos vocês serão desperdiçados, que raiva sinto de mim, conheci uma diaba e a coloquei dentro de casa, no seio de minha família à chamei de minha.

Você é a pior mentira que já tive, e você nem precisou de muito tempo para ser a maior decepção também, muito obrigado.

domingo, 23 de agosto de 2015

Melhor assim...

Os domingos são longos, chuvosos e frios. Impossível esquecer nossos momentos enquanto fomos um só, por óbvio, resolveu partir, mas ao menos devolveu meu livro. Hoje fumei o nosso único cigarro, mantive a tradição e fumei apenas metade, não dividimos mais. É complicado se doar, baixar a guarda e ver os sonhos dissiparem, pó entre os dedos abertos após uma tempestade de areia no deserto, ela se foi.

Melhor assim...

É complicado aceitar a derrota, mas eu nunca quis meio termo, meias risadas e amores; vá, seja feliz e não me procure mais. A gente sofre, levanta e cabeça e segue em frente. O blues com uísque ajuda a amenizar a dor. Dor de amor é foda, voltei à solidão da mesma forma que parti, disposto a encará-la de frente, pois sempre estive disposto a permanecer assim, pois blindo o coração e não permito sofrer por quem não me mereça.

À vejo passar, tenho me acostumado a tomar café sozinho, será melhor assim...

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Desconhecidos...

...dois desconhecidos, conforme o novo mapa turvo em que nos encontramos. Um labirinto perdido no meio do nada, arbustos obstruem a passagem para que possamos segurar nossas mãos e entrelaçarmos em nossos abraços, os afagos. 

Escolhas são feitas e me tens como apenas mais um, tão somente dissipar nossa paixão coberta de aventuras, nos temos em pontos de interrogações, pois não seremos completos meio a tantas dúvidas, não permitirei sua metade, não deflagarei olhos distantes e vazios novamente. É simplesmente horrível estar do lado de alguém que simplesmente não está lá.

Muito distante...

Renunciar o amor é complicado, pois se não conseguirmos manter a serenidade e as coisas simples, por Deus, os impulsos serão arames farpados. Sangue nas mãos enquanto os punhos rasgam os lábios, mais duas ou três discussões antes de dormir, afinal, já nos decepcionamos muito com amores antigos, cicatrizes nos tomam os copos, estamos acostumados.

Talvez...

Que siga, gosto das pessoas sorrindo e me deixando passar sorrindo também. Permito verdade, não sou egoísta e jamais permitiria ficar ao meu lado quem apenas fica por dó e simplesmente pede desculpas por não dar certo. Aceita, você simplesmente gosta de sofrer por outrem.

Aliás, enquanto juntos em um apartamento inacabado no subúrbio de Nova Iorque, jamais pensarmos em ficarmos livres, pois já vivíamos em uma liberdade.

Apenas dois desconhecidos...

domingo, 26 de julho de 2015

Baby Girl e o Serial Killer

Os dias começam com você deitada sobre meu peito, massageando meu braço tatuado e entre os dedos curiosos os olhares atentos sobre minhas cinco ou seis cicatrizes. Você diz gostar, rendem boas histórias e todos os risos enquanto transformo a minha dor em comédia apenas para admirar seu riso, apenas para manter a desculpa de ter o seu sorriso por aqui. Um único cigarro para nós dois, já temos rotinas só nossas, começamos com cafés e esbarrões no trabalho, desde então eu já queria você.

...tempos atrás, quando a minha vida ainda era uma coleção interminável de relacionamentos ruins, você apareceu, não quis saber do meu passado e não se importou com as histórias, gostou do perigo e de caminhar nesta linha tênue com um serial killer, gostou do meu jeito rude e áspero, talvez tenha sido isso que fizera prender sua atenção por aqui. Ali, na primeira vez que tomamos várias cervejas juntas e perdemos a hora de ir embora eu já sabia que ela era a garota certa, minha baby girl.

Difícil de ceder, ataquei pelos flancos e os sorrisos por ali permaneceram. Medos eram convites para estar longe de mim, pois não conseguia acreditar em um assassino de corações, em um cara que fuma dois maços por dia enquanto gasta o dinheiro da vida bebendo uísque em mesas clandestinas de poker por aí, ela simplesmente não acreditou que isso puderá ser real.

Na primeira noite, talvez a mais especial que já tivera, carinhos trocados enquanto sussurrava em seu ouvido, afinal, seu corpo era o paraíso onde gostaria de estar, pois nesse labirinto minha mão passeava sem pegar atalhos; passearia soltando faíscas para as cortinas pegarem fogo. Sutiãs no chão, o serial killer ataca novamente, mas agora eu terei apenas uma vítima, a tal garota certa.

As noites se acostumaram a virar dia enquanto fazíamos amor e nos entregávamos cada vez mais, ela adorava o perigo de estar se envolvendo com um assassino, mesmo sendo delicada e discreta, um pouco medrosa talvez, amores passados, amores infantis que não conseguiram entender o quão especial era essa mulher, mas agora entregue para o melhor mundo, um mundo só nosso.

Sempre arrumei desculpas pífias e ínfimas para terminar com os relacionamentos, andei sobre terrenos sombrios para não ter motivos especiais de mantê-las aqui, mas agora eu simplesmente não posso fazer isso, pois tudo o que quero é ter você, sem desculpas e agora.

Minha baby girl, essa é minha garota...

terça-feira, 14 de julho de 2015

Sobre os amores que nunca tive...

Eu desfiz vários planos nessa vida. Um dia sonhei casar com uma maluca e inconsequente dos seus planos, me trocou por absurdos surreais que jamais foram descobertos por mim. Me culpei, culpei a minha falta de experiência vasta em relacionamentos e aproveitei para engrandecer minhas falhas por ter várias mulheres dispostas por mim, aceitei sua partida, vás te tarde para qualquer abraço.

Okay, tempos atrás baixei a guarda novamente e tive que partir, perito no assunto, por óbvio, me culpei e não te vi sorrir por aqui, abandonou o sorriso largo na varanda da minha casa e nunca mais atrasei duas horas nas segundas-feiras, por óbvio você me deixou e por alguma síndrome de pânico grandiosa, fiz com que partisses e ainda me culpastes. Convencer as pessoas às minhas verdades é o que faço de melhor, mesmo deixando claro que minha verdade não prevalece em suma à maioria, é a verdade que todos gostariam de ter. Bebo e me perco em qualquer abraço, me refaço pela metade, a vida me ensinou a não acreditar muito no amor. Foda-se os filmes mentirosos.

Detesto pensar em um amanhã sozinho, mas não preciso justificar meios, atalhos e descaminhos para provar ao mundo quão certo é ter alguém do lado, pois não preciso de disputas com mulheres carentes, preciso de uma companheira que aguente a dificuldade de um dia sem sorriso, de um dia sem abraço ou um leve toque nas mãos.

Para bem falar a verdade, puta merda...eu preciso tomar mais uma dose de uísque, não quero falar sobre amores que nunca tive.

Nunca os tive...

terça-feira, 12 de maio de 2015

Baixar a guarda...

Gosto de culpar meus antigos amores, onde elas não me completavam e não entendiam quão inconstante e instável és minha vida. Ainda vagando pelas madrugadas, aplicativos que permitem casuais e risadas distantes, aparências momentâneas que se dissipam pela manhã. Okay, por séculos procurei isso, alguém que fosse embora na manhã seguinte e não deixasse o número de telefone, ou, sequer se prestasse a honra de despedidas. 

Os trinta anos chegaram e todos meus amigos casaram, sou padrinho da grande maioria dos casamentos e filhos, o tio perfeito, pois ainda permaneço jovem. Tolice! Tempos atrás dei uma carona do metrô até o apartamento de Jéssica. Jéssica cheirava alecrim e como a chuva estava torrencial ela se juntou ainda mais ao meu corpo, me abraçou para ficarmos confortáveis debaixo do guarda-chuva. 

Um convite qualquer e de repente eu estava tomando um café em seu apartamento, ela sabia que meu rosto era familiar, pois tomávamos café da manhã na lanchonete do Nenê. 

Pois é, acredito que tenha chego a hora de baixar a guarda e buscar a verdade sobre o que deveríamos ser. Um casal, um corpo só e um sorriso só. Aceitei convites, logo ela conheceu a turma do pôquer, logo eu estive com seus amigos de faculdade. Não falarei do sexo, era fantástico, nos permitíamos fumar um beck após fazermos amor, colocávamos um blues e perdíamos a hora na manhã seguinte. Ela, publicitária; eu, um maldito advogado. 

Acredito que a diferença nos tenha feito bem, maldita palmeirense, nunca reclamei. House Of Cards, Game Of Trones e filmes nas estreias. Bicicletas, bicicletas e bicicletas.

Me perdi em seus braços e desde a primeira vez que sorriu por aqui, aqui ficou. Acabamos de adotar um cachorro que estava deitado num ponto de ônibus qualquer. É o nosso primeiro filho, ela já é a melhor mãe do mundo.

domingo, 19 de abril de 2015

Onde eu deveria estar...

Na adolescência eu namorei uma Patrícia. Ela não trabalhava, colocava todos os problemas dos estudos em seus pais, na falta de tempo e é claro, em mim. 

Patrícia estava cansada de dormir nove horas por dia e não possuir olheiras, no começo eu achei incrível namorar a menina mais bonita do colégio, porém com o tempo eu perdi o encanto, pois fui me tornando um rapaz melhor e muito mais inteligente do que meus amigos no colégio. Na verdade eu comecei a reparar em mulheres não tradicionais no terceiro ano do colegial e no primeiro ano da faculdade, pois há pouco eu já tinha terminado com Patrícia. Ela fez da minha vida um inferno, como se vivêssemos uma novela adolescente. Tramas, mentiras e falsas doenças da parte dela, não controlei meus impulsos e antes de fazer qualquer besteira eu sumi, até porque fui morar sozinho e longe dos meus pais.

Hoje, vinte anos após o término eu tive o desprazer de encontrá-la novamente, linda como sempre, ainda mais vazia. Eu estava andando com minha filha no shopping, pois mesmo que deteste, eu faço às vezes de pai, levei-a para assistir o novo filme da Branca de Neve, acontece que, de repente um vulto apareceu atrás de mim e simplesmente me reconheceu. Nos dois primeiros minutos eu a achei incrivelmente linda, porém ela logo começou a maltratar o português (como sempre fez), e, como se não fosse o bastante, começou a falar do término do seu noivado de mentira.

Que alívio, a vazia jogou a culpa nos problemas. Eloquente e meticulosa culpou-me por todos os problemas, os ataques de pânico, os remédios e os três quilos acima do peso, mesmo eu imaginando uns 46 quilos para ela. A culpa da vida dela ter se tornado uma merda foi minha, mas sem palavrões, minha filha não gostou nada dessa conversa.

Fui salvo aos sete minutos de conversa, minha mulher chegou e cordialmente disse à Patrícia que era um prazer conhecê-la e que as histórias do colegial eram maravilhosas. Okay, menti para a pequena Vanessa, pois detesto passar uma imagem ranzinza e desumana, ela já arca com cargas pesadas demais em seus programas voluntários, dormindo menos de seis horas por dia e me fazendo orgulhar cada vez mais. Um abismo de diferença entre as duas, eu realmente tinha feito a escolha certa.

Doze horas de trabalho por dia e quando chegamos em casa ela se olhava no espelho reclamando das olheiras e do peso, disse que há meses não iria ao cabeleireiro e chorou sozinha indo para o chuveiro. A minha pequena Vanessa estava mal e me fez um convite, mesmo não tendo falado nada.

Debaixo do chuveiro fiz promessas de amor, hoje mais sinceras que ontem, pois todos os dias me permiti apaixonar, pois eu era fissurado pelas olheiras de minha mulher, sempre com os óculos nas leituras que emendavam dias antes dos grandes eventos voluntários. Essa era a minha mulher e poucas vezes lhe vi perturbada com algo, pois ela não era volúvel, sempre segura de si, e quando o café foi entregue à cama, era somente ela que eu queria servir, mais ninguém.

Estou onde realmente deveria estar...

domingo, 5 de abril de 2015

Sobre escolhas...

As lembranças são foda, são as principais cicatrizes que marcam em meu peito. Sinto como se fosse um domingo preso em casa, onde o sol sequer tem vontade de nascer, sem ao menos termos uma chuva constante após o almoço. Um domingo e nada mais, meia taça de vinho em um tapete manchado, um silêncio vasto que incomoda minha consciência.

É triste perceber os planos falhos da vida, permitir que o destino esteja na mão de uma mulher que simplesmente jogará fora por apostar em algo que a curto prazo parecia correto, mas a longo prazo não obtém, não o conquista.

Eu sou um cara acostumado com derrotas, pois permito que ganhem aos poucos, lucro quando ganham, ganho em dobro quando vão embora, pois permitem escolher e simplesmente me deixar de canto, assim fica fácil desfazer os planos, pois elas usam o clichê "a culpa é minha" e isso me deixa aliviado. Finjo estar triste e sorrio, bebo mais.

Acontece que quantidade escassa não me completa, sinto falta de sentir o cheiro do seu cabelo sobre meu peito e o seu reclamar de tudo, simplesmente de tudo. Sinto falta de almoçarmos em um prato só. Sinto saudades de como fazemos amor e logo após tentarmos assistir um filme no sofá da sala, na ponta do pé voltarmos ao quarto para fazermos amor de novo, como se estivéssemos com vergonha das outras pessoas, talvez por se amar demais.

É foda ver que está tão disposta para tudo, exceto para mim. Esse dia pode ser tarde, mas talvez você entenda que sou o seu homem, assim aparecerá sem marcar horário e sorrindo, principalmente por não falhar mais com os demais, afinal, você só seria feliz comigo.

Eu gosto de surpresas, infelizmente você é previsível.

terça-feira, 24 de março de 2015

Sobre se permitir...

Enquanto estive perdido e me mantive longe de toda falácia e luxúria trazida a mim, conheci alguém, que, por óbvio, me colocou em uma situação indelicada, como diretos que entram na linha de cintura e com as costas na corta forçam jeb's seguidos em meu queixo. Cedi o avanço.

É claro, eu não quis por um só momento esquecer quão maravilhosa era minha vida. Bares e sexos casuais, livre de todos aspectos, sem preocupações com o jantar, sem fingir o querer de assistir um filme romântico e ridículo. Sério, prefiro perder com um par de às ao assistir um filme mela cueca de qualquer uma dessas atrizes que só choram e depois correm atrás dos caras legais. Sim, ficarei do lado dos caras legais, depois reclamam de estarem solteiras sofrendo.

Estive envolvido por anos com algumas mulheres, mas até então, nenhuma era minha. Não que eu faça questão, muito pelo contrário, é vantajoso para mim, além de não ter que mentir, marcamos em uma agenda concorrida nossos encontros. Perdi algumas, ganhei outras, século vinte e um. Aceite, caso não queira, a porta está aberta e vá atrás de algo que te complete.

Cacete, eu adorava falar essa frase: "vá atrás de algo que te complete".

Me apaixonei por mulheres de sorrisos ímpares, curvas voluptuosas e mechas desfeitas pelas manhãs após longas noites de amor. Amor, tsc tsc...

Foi foda, percebi que eu estava me tornando quem detestava em filmes, mas diferentes das mesmas, não havia uma pessoa legal.

Agora há, é bom acordar e te ver sorrir ao meu lado pelas manhãs de uma segunda-feira chuvosa, pois hoje me sinto completo, hoje sei que preciso fazer o café da manhã para alguém.

Ela sorri, chegamos novamente atrasados em nossos escritórios...

segunda-feira, 16 de março de 2015

Amassos e amassos

Eu saio do marasmo e parto para o descaso, e entre beijos e abraços, amassos e amassos. Eu cansei de ser hipócrita e mentiroso, tirei o time do jogo, me aposentei e desde então me entreguei para ser somente dela. Amassos e amassos. Às vezes a gente esquece que malandro também ama.

Moro próximo ao centro e não demoro muito para chegar ao bar, desde a última vez abalou meu universo, perdi o verso, voltei pra casa meio a protestos, meu coração pediu diretas já, quando vi a manifestante entrou pela janela. Surreal me conquistou, polícia nenhuma resolveu o problema dessa invasão, meu corpo cedeu aos seus encantos, sorrisos próximos e olhares fechados. Amassos e amassos.

Eu te quis e por completo, inclusive quando fostes infeliz, compromisso simples como se olhássemos para o futuro e não enxergássemos o fim, manteve meu trem no trilho, manteve o nó da minha gravata alinhado e logo o scarpin e vestidos foram esquecidos por ali.

No meio da multidão, pegou minha mão e disse que gostaria de caminhar comigo, tão somente assim aceitei de prontidão, eu já estava disposto a confiar em alguém, as outras foram apenas as outras, tão mentirosas, tão rudes, tão baixas, sumiam por momentos e enquanto felizes eu não era ninguém.

Gosto do perrengue que passamos, enquanto eu trocava pneu, ela era decote na estrada para conseguir um macaco; enquanto eu fazia o molho, ela era youtube para improvisar nos pratos; e logo assim, somente por vê-la sorrir de manhã foi que me dei conta, que és minha querida mulher.


segunda-feira, 2 de março de 2015

Alameda Jaú

Eu não dava a mínima quando minhas ex namoradas resolviam desaparecer e incrédulas me culpavam e me julgavam inexperiente. Okay, na verdade elas talvez estejam certas, pois elas nunca foram minhas namoradas, eu sempre detestei baixar a guarda, pois eu nunca entro em uma briga para perder, exceto uma vez, anos atrás.

Águas passadas, águas de Março.

Três anos atrás eu fui promovido, com isso me mudei e comecei a morar sozinho, inúmeras vantagens. Meu apartamento pequeno fica em uma Alameda próxima da Avenida Paulista, eu nunca perdi uma lide, sou extremamente competente, trabalho mais do que doze horas por dia, talvez alguma mulher entenda isso.

Uma vez, uma entendeu, porém era curiosa demais e eu detesto falar do meu trabalho com minhas namoradas. Jogo poker toda semana e por lá esqueço dos problemas, todos os dias tomo meu café quente no Nenê, às vezes ele prepara o café da manhã e entrega em meu apartamento para as mulheres que deixo para o mesmo expulsar, detesto despedidas. Tempos atrás inventei infarto em meu pai, mas na verdade a transa tinha sido uma merda.

Sim, oito meses tentando me desfazer dessa mulher, mas ela sabe o uísque que gosto e quando chego em casa ela me espera com aqueles malditos óculos formatos LINCE. Gosto de imaginá-la sempre por ali, ela mantém a discrição e não pergunta sobre meu trabalho, nem tampouco sobre quando será a próxima vez que nos veremos.

Ela simplesmente aparece e fornece o encontro, talvez eu baixe a guarda novamente.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Às vezes...

Sou morador de um bairro nobre próximo à quinta avenida, aqui em Nova Iorque. Trabalho em uma corretora de seguros e desde que vim tentar a sorte no exterior, já fiz de tudo nesta vida. Deixei todos meus amigos e familiares no Brasil, mas o mais doloroso desencontro da minha vida fora deixar aos prantos no aeroporto a minha ex namorada.

Éramos jovens e imaturos, amor adolescente, inóspito e frívolo. Eu sabia que tentaria a vida aqui, mesmo assim a propus amor verdadeiro. Aos prantos deixei-a para o mundo, fui conquistar o meu. Meus passos e só, a vida me derrubou enquanto a internet não era o marco avançado que é hoje, longos 15 anos longe do Brasil, nunca mais voltei, poucos compartilharam da minha dor de tempos atrás, por sorte a internet não era o que é hoje.

Usei essa introdução para deixar bem claro quão falho meus relacionamentos foram, pois somente esse valeu a pena ser dito, somente nesse o amor era gostoso de ser feito, pois acordávamos no meio da madrugada insaciáveis, loucos e dispostos a perder mais uma ou duas horas gozando de um prazer ininterrupto. 

Sim, lógico que tentei me entreter em outros braços, conheci corpos diferentes, mas nunca fora algo ardil, apenas sexo em meu pequeno apartamento. Aficionado por filmes, livros e com todos os tipos de bebidas, convenhamos, fica um pouco mais fácil quando és inteligente e culto. Eu finjo ser, sou um excelente mentiroso.

Dias atrás fui ao coffe break próximo de casa, nevava e me deparei com um inglês sofrível vindo do balcão, ri, pois parecia o meu.

O nome dela era Cristina, nos permitimos e hoje nós fazemos a noite se acostumar a se tornar dia. Me permiti, ela se permitiu esquecer duas calcinhas no meu banheiro e desde então até nossa cadelinha Rubi gostou de ficar por aqui.

Me permiti, Cristina me amou desde então.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Cap. 04 - o fim!

...talvez a culpa pela morte de Gemma tenha sido minha, eu não deveria tê-la envolvido em algo assim, deveria ter me afastado enquanto pude e ter feito o meu casamento ser um sucesso. O conto de fadas da maldita seria incrível, seria um espetáculo, seria realmente fantástico.

Águas passadas, domingos tristes e semanas tortuosas, parei de trabalhar e me tornei voluntário de um centro de catástrofes locais em minha própria cidade. Sempre vigiado pela maldita, seguindo passos tristes, como se um velho fosse esquecido em um asilo qualquer, como se fosse um interno em algum hospício por aí. 

Tudo muito confuso, pois me culpo pela morte de Gemma, algo perturbador recorda em minha memória aquela fatídica tarde, me tira do eixo, faz meu passado escurecer em sépia, pois a maldita não só me propôs apenas infelicidade, como me assombra em todos os cantos da casa, esmorece meu silêncio.

Hoje não é um dia de dúvidas ou arrependimentos, hoje é um dia a se fazer...

Viajei cento e vinte quilômetros até o túmulo de Gemma, suando frio e completamente bêbado, feliz. Eu estava realmente feliz!

Que Deus abençoe meus filhos nascidos e amaldiçoados, morrerei perto de quem amei, não precisarei de retoques formais e rituais fúnebres, estou vestindo um black tie e dentro de 15 minutos morrerei feliz com o efeito do veneno, pois sei, que neste mundo vasto e desleal, nunca mais precisarei ver Juliana,

a maldita!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Cap. 03 - enquanto eu fingia estar bem...

...sucesso uma ova!

Cinco anos atrás eu resolvi esparecer, criei uma rotina ímpar, arrumei um trabalho extremamente cansativo nas praias desertas e pouco frequentadas da costa leste do México. Eu viajava malditos 120 quilômetros todos os dias, mas por momentos que pareciam intermináveis eu estava longe de Juliana. 

Aprendi inglês, já dominava o espanhol e conheci uma alemã também escondida por lá, logo comecei a me interessar pela língua alemã, logo comecei a me apaixonar por Gemma Bailey. A maldita nem sonhava com isso, era o plano de fuga perfeito dentro do próprio plano imperfeito que fora o meu maldito e abençoado casamento.

Eu entrava às 11 da manhã, mas comecei a chegar às 8 da manhã, enquanto em dias normais costumava sair às 19 horas e normalmente a rotina agora me fazia estar em casa às 23 horas (às vezes eu não voltava), já exausto, com pouco tempo de perceber aquelas olheiras tortuosas e aquele cabelo constantemente alterado; ora loiro; ora preto; ora loiro e preto. Detesto essa maldita, mas não estragarei mais tantas linhas sobre ela nesse capítulo.

Quando conheci a doce alemã, percebi que fugia de algo também, percebi quão solitária era, pensei que talvez tenha feito algo ruim, como eu. Geralmente penso nas mulheres como desastres naturais, como sou, quero que sejam também.

Gemma tinha olhos verdes e algumas sardas sobre o seu nariz grande, o qual fiquei apaixonado desde o primeiro bom dia trocado. Ela entendeu a minha maldita situação e depois de três meses de uma romântica amizade nós fomos para o quarto de hotel que a mesma alugará sem tempo para devolução de chaves.

O primeiro encontro foi quente, a cortina pegava fogo enquanto pela fresta o sol tentava nos intimidar. Calcinha no chão, na ponta do pé empinava a bunda em uma performance incrível nos ritmos da música que suavemente atravessava o quarto. Ela sabia como conduzir a dança, quando menos percebi já estava em seu compasso, já estava dentro do seu corpo, pulsando taquicardia sinusal. Ela adorava a forma que pegava em seus peitos por trás, pois enquanto gemia Gemma encostava a nuca em meu pescoço e pedia mais, pedia mais forte e dizia que tudo era meu e que a partir daquele momento tudo seria nosso.

Ela arrepiava do cóccix até a medula, nua em pêlo e como de costume quis tomar conta da situação e em movimentos elásticos me fez esquecer da vida, me fez esquecer do mundo que tínhamos ao nosso redor. Fez esquecer meu casamento e a maldita Juliana. Maldita Juliana, me condenei na mesma hora por estar traindo a garota popular do colégio, a filha da puta da mãe dos meus filhos, a minha mulher fiel que nunca se arrumará para tentar me agradar, que nunca se esforçará para salvar o nosso maldito casamento. Eu não queria me culpar, Gemma não era uma válvula de escape, Gemma tinha problemas maiores que o meu, começaríamos uma vida nova dali para frente, onde faríamos amor frente ao mar, onde seu cabelo colaria o suor do meu peito, onde, inclusive, todos os dias eu poderia me apaixonar pela mesma mulher.

Longos anos com Gemma, até a maldita aparecer de surpresa em nosso aniversário de namoro, Gemma está morta.

Maldita Juliana...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Cap. 02 - O começo...

Dez anos atrás, antes do baile de formatura da faculdade, lógico, eu já namorava Juliana, a maldita, a dita cuja, a mulher a qual tive o desprazer de casar e ter dois filhos. Okay, antes que me culpem,  por simplesmente ter casado com essa mulher e ter fingido amá-la, gostaria que se atentassem a história e o seu desenrolar, conseguirão entender que a culpa talvez nunca fora minha, que o relacionamento durou até demais, sobreviveu bem no desenrolar dos anos, fiz o que fiz pelas crianças (por mais insuportáveis que sejam, talvez seja culpa da adolescência), jamais por ela. Espero deixar isso bem claro, pois naquela noite descobri que estava grávida, mas isso também começarei a contar agora.

Antes de mais nada, queria deixar bem claro uma coisa: Juliana era linda, família tradicional do interior paulista, era chefe de torcida, aluna número um da sala, mulher número um da faculdade, fofoca número 1 dos corredores. Os jornais da faculdade eram escritos por um amigo meu, o japonês, a qual aos pedidos feitos por mim, após relutar muito, publicou uma nota de amor cego e juvenil pela doce Juliana. Disse que a cada medalha ganha nas olimpíadas estudantis, eu viveria para o dobro de anos um amor surreal. Okay, além de natação, eu era do time de futebol e de basquete da faculdade, ganhei malditas 9 medalhas. Um novo e lindo romance começou, desde o início olhar para outra se tornou cada vez mais difícil. 

Desenrolaram-se quatro anos até a incrível formatura, incrível para ela, um vestido a cada noite, eu tinha apenas um blazer, eu era bolsista esportivo e nunca tive recursos. Aluguei um carro aquela noite, maldita noite em que descobri que Juliana estava grávida. Clima de festa, famílias felizes pela formatura dos filhos. Eu já sabia da notícia, bebi, enchi a cara, vomitei no banheiro feminino, subi no palco da banda, anunciei que iria ser pai, usei lança perfume e fumei maconha. 

Sem luz, escuro e flash! O japonês tinha a última manchete antes do seu estágio em terras europeias, mas a principal notícia viria no mais tardar. Os malditos pais da maldita (sim, usarei essa expressão, pois a Juliana é e sempre será a maldita) não gostaram nada da notícia. Agente federal secreto das forças especiais das três forças brasileiras, o maldito era casca grossa, com um soco inglês bateu onde os hematomas e cortes não ficariam visíveis. Apanhei sozinho no banheiro, como se eu tivesse transado sozinho, como se a maldita não houvera avançado o sinal vermelho, em minha barraca das olimpíadas e tivesse pedido para comê-la de 4, 8 e 16. Idiota, achou que a maldita Juliana ainda era virgem.

Não sei onde acordei, atordoado e preso a uma maca, não era no hospital. Menciono: eu estava nu. Dois corpos no chão, o maldito estava lá, como um idiota em filme americano me interrogou, disse se eu conhecia os dois no chão. Eu disse que não. Menti, eram dois traficantes, que, aliás, vendiam drogas para a filha dele. A maldita Juliana sempre usou cocaína, eu detestava. Eu bebia e fumava uns becks às vezes, mas por ser esportista, eu nunca sequer cogitei em cheirar esse maldito pó. Pude perceber por uma fresta que o amanhecer viria, pensei ser a mesma noite do baile, não lembro mais de nada, mas vi estrelas quando senti a coronhada em meus colhões.


O maldito me fez jurar muitas coisas, era isso ou perder a vida. Hoje, sóbrio e com a mentalidade que tenho, quando não tinha aos meus 20 anos de idade, com certeza eu falaria para puxar o gatilho. Maldita escolha. Longos anos ao lado de Juliana. Assumi a responsabilidade pelos assassinatos em troca de asilo internacional em uma ilha qualquer aqui no interior esquecido do México. Lógico, os malditos subordinados do tirano me fizeram assinar termos incansáveis que testamentassem a autoria do crime. Pensei na filha da puta grávida, nos natais que eu seria obrigado a engolir a seco o maldito figurão e em quantas festas de aniversário eu teria que fingir amar Juliana por conta disso.

Enfim, o casamento foi um sucesso...

domingo, 18 de janeiro de 2015

Cap. 01 - Prólogo

Era manhã de domingo, como de costume aprendi com meu pai, que aprendeu com o meu avô e repassou para mim e meus três irmãos, que, somente em raras exceções uma mulher deve acordar antes de você. Conclui-se durante os 10 anos de casados esse sacrilégio. Sempre dormi tarde e acordei cedo, inclusive em manhãs como essas, semanas atrás os problemas já não conseguiam mais serem encobertos. Foda-se, há tempos eu simplesmente não me importo.

Domingo, saio para pegar o jornal, tomo meu café da manhã. Leite gelado, torradas e frios. Não acordo-a, não levo café da manhã na cama e não digo bom dia abrindo as cortinas, apenas saio para correr, quando corro sou livre do mundo. Sou livre das reclamações constantes de minha mulher, das reclamações dos pais dela e dos meus filhos. Crianças insuportáveis, puxaram a mãe, tenho certeza. 

Sou livre dos crimes que cometi, registros apagados por ter cooperado com os federais, deveria ter sido condenado, pago por esse maldito crime até hoje. Enfim, livre e sem roteiros, escapatória desejável. Desejo acordar em um domingo eterno. Desejo acordar e não escutar essa voz toda manhã.

Maldita mulher...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Sobre os surtos da despedida...

Horas atrás você estava em minha cama, totalmente nua, ria das minhas piadas enquanto brindávamos ao brilho da lua. Minutos atrás você se levantou na ponta do pé, tinha acabado de fazer as unhas, momentos inesquecíveis para uma vida tão dura. Eu tenho sérios problemas com mulheres que me fazem sorrir e esquecer dos problemas. Ela prometeu vingança, surtou e foi embora. Okay, acostumado com despedidas deixe-a ir, nasci sozinho, morrerei sozinho. Simples.

Sabe a merda!? Sabe o foda!? Eu estava me acostumando com as cores do cabelo dela sobre o meu peito, me acostumando com o jeito debochado de sorrir de canto, de me olhar debaixo pra cima, como se na pretensão de pedir algo, súplicas sempre concedidas. Maldito poder de persuasão. Meus braços fazendo o seu porto seguro. Na verdade, a maldita chegou em casa sem pedir licença, começou a escolher os filmes e mudou as cortinas da minha sala. Porra, deu vida ao meu apartamento, perdi minha vida desde que entrei para a Polícia. Aliás, eu já era um sujeito complicado antes disso. 

Enfim, a maldita levantou na ponta do pé e mencionou poucas palavras. Eu não entendi, aceitei calado e bebi como se não houvesse amanhã. Deve ser foda não receber ligações minhas, eu sumo enquanto trabalho e me escondo quando tenho raros momentos de folga. Okay, tenho admitido para muitas pessoas que tinha encontrado a mulher certa, até um maldito gato ela tinha trazido. O nariz dela era empinado e grande, tive quase certeza que havia ganho em uma loteria, em um cassino onde todas as fichas seriam minhas. Jackpot winner.

Em algum momento da conversa eu me perdi, as risadas se tornaram lágrimas, de repente vestida, de repente fora do meu apartamento. Fora do meu apartamento. O galileu ficou.

A maldita bateu forte, detesto admitir, mas o jeb pegou no queixo.

Por isso eu não baixo a porra da guarda, detesto o cheiro de sangue constante entre meus dentes.

Ah, galileu é o maldito gato.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Sobre seus julgamentos...

O destino é realmente foda. Tempos atrás, ainda na adolescência, eu me apaixonei. Tive a mulher mais linda em meus braços, perdi noites de calor e estive incrivelmente envolvido em seus sorrisos, perdido em seus olhares. Me permiti ser feliz, era inocente e estava extremamente empolgado com aquela situação. Eu sou um idiota.

Ela partiu, meu coração sangrou e desde então me perdi em muitas outras desilusões amarosas, porém desta vez com a consciência sã, nunca mais sofri, nunca mais sorrirá como outrora.

Hoje em dia, por volta das duas ou três da manhã de um novo dia eu estive com meu grande amor, sei lá, dez anos atrás nós não imaginávamos que hoje teríamos essa chance novamente. Tivemos, foi maravilhoso e perfeito. Os dois corpos se tornaram um só, sussurros ecoavam e pediam mais, calcinha no chão. Sutiã também. Nós dois também. Gosto do jeito que sorri, me beija, geme no meu ouvido e diz que sou maluco. Maluca, louca, doida!!! Okay, fazemos amor e os julgamentos começam, ela chora e se diz arrependida, diz que sou um monstro ao não entender o que ela sugere. 

Aceito calado.

Ela não entende quão impossível é o nosso amor, sempre secreto, aliás. Infelizmente não podemos ter o melhor de dois mundos, não sou hipócrita, me arrisco, mas simplesmente não podemos transparecer o quão lindo é o nosso amor. Ela não entende, chora e diz que sou o pior homem do mundo.

Aceito calado.

Recebo essa medalha e aceito seus julgamentos, afinal, não é isso o que os monstros fazem!?

Preciso beber alguma coisa...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Sobre a falta de desejo...

A maioria dos meus amigos sonham em encontrar alguém que os mereça, que os entenda e que traga para si uma vida em paz, uma vida transformada da estranha obsessão de fazer apenas uma mulher feliz, capacidade de amar apenas uma mulher. Daqui até a eternidade. Besteira, são uns idiotas.

Há dias tenho estado sozinho, em paz com meus pensamentos enquanto bebo e esqueço do trabalho, das dores de cabeça constantes na repartição e da minha mulher que resolveu partir. Na verdade, ela simplesmente viajou e deixou um bilhete dizendo que voltaria. Hoje fazem mais de quatro anos, não a procurei, foi a escolha dela, isso me faz ser um monstro?

Não procuro acordar com uma mulher ao meu lado, acho isso um saco, gosto de transar e depois inventar uma desculpa para vê-la ir embora, não minto para não criar expectativas, simplesmente não faço com ninguém o que a maldita fez comigo, ela criou um monstro. Okay, até certo ponto eu não consigo odiá-la, ela me fez bem, pois se hoje sou o homem que sou eu devo à ela, afinal quando ela saiu por aquela porta eu resolvi viver para mim. Adoro a solidão que me pus, inclusive, tenho absoluta certeza que a vi pela janela do meu apartamento esses dias. Insolente, acusa-te com óculos escuros enquanto vigia a minha porta. Ouvi dizer que está feliz, mas que felicidade é essa, se ainda procura aqui em meu território motivos para chorar novamente?