segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vossa majestade és uma vaca



Não permito retorno fáceis, não pense que podes chegar aqui sorridente e dançando, passeando sua mão sobre meus braços enquanto beija o canto da minha boca, não me convenço com seus longos abraços, não ridicularize o meu amor, mesmo que inóspito. Você resolveu ir embora, não me inclinarei por sua volta, Vossa Majestade.

O tão esperado outono chegou e não sei por onde andou, mas sei que não caminhava sozinha, principalmente quando me deixou só, sorria amores antigos que foram dispensados quando se tornaram vis. Poupe-me dos detalhes, Vossa Majestade, não serei seu bobo da corte novamente, não interrompa as minhas madrugadas, suas mensagens não serão lidas, não responderei suas cartas.

Talvez você invada meus pensamentos nestas noites, porém sempre haverá um amor para que eu fique bem, principalmente por não confiar em você e em suas folhas mortas de outono; não dormirei nestas noites, mas por favor, venha pegar suas coisas e vá embora, deixei a chave na portaria para não cruzar contigo no elevador, ficarei sozinho, mas recuso aceitar-te de volta. Volte ao seu trono solitário, seu rei te abandonou novamente e em meu corpo pedistes abrigo e perdão, doce ilusão.

Não dessa vez, Vossa Majestade, com sua licença, preciso ficar sozinho mais uma vez.


N/A: Mais um romance acompanhado com as fotos da galera da All Constrast que mandam demais. Link no facebook: https://www.facebook.com/AllContrast?fref=ts

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Rio 40 graus...



As curvas me convidaram, o corpo dourado do sol no posto 6, meu coração era e ainda é todo seu. Duas doses de caipirinha, ri do meu sotaque enquanto arrasta o "r", arraste o seu calor para a minha cama, quatro ou cinco da manhã no meu quarto em algum hotel de Copacabana. Bacardi no café da manhã, suíte presidencial, passe aqui e me prenda, seja minha ilha deserta, a fumaça do meu beck e o gelo do meu whisky... seja o meu tango, salsa e meu samba, enredo e bateria nota dez.

Entendo sua partida, passearei na orla e te esperarei, meus olhares são só para você, o mundo gira e parará em você, Jack Johnson no tape, hoje a noite toda é por minha conta, não tenha planos para o domingo de sol. Mudamos a direção da órbita e o relógio parou, façamos um brinde, fizemos amor, sem atalhos no labirinto dos seus olhos, me perco carioca...ela é carioca.

Bebemos champanhe sob a luz das estrelas, sutiã eu vejo deslizar as alças, vejo voar calcinha e calças, nunca aconteceu assim comigo nesse nível, o pôr do sol me traz inspiração, pego suas mãos e te prometo o mundo, seja o Rio do meu Janeiro; pescoços marcados e costas arranhadas, semáforo vermelho enquanto os corpos se esquentam, fogo na cortina e calor febril, adeus singelo, não se preocupe...

eu volto!


sábado, 12 de abril de 2014

Sobre a sua dança...




Você tem essa velha mania de pegar a minha mão no bar e dançar, dançar como se não houvesse amanhã, dançar até os pés fazerem calos, dançar e sorrir aos ventos um amor impossível, um amor só nosso, um amor constante e inimaginável. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Não vem me dizer que é errado, você sabe quão difícil foi para não irmos embora, e quando fui, no meio do caminho te encontrei e me reencontrei, hoje a minha parte de mim é você. Sonhos distantes na pista de dança, quem viu um lado bom da vida sabe, cacete... é claro que dançamos ao som de rock, em falsetes de pura valsa, em seu vestido preto desbotado, em seu scarpin 15 cm.

Não queira me enganar, seu sorriso é o que tenho de mais bonito em meus versos, sou a carta máxima do baralho, o número seis dos jogos de dados, sou domingo de jogo no Pacaembu. Você enquanto diz parece despedida, veste minha roupa e dá risada enquanto coloca um chá para esquentar. Dance novamente, são passos lentos no meio do arco-íris, espero você desabrochar, linda flor... seja o que isso for!

De manhã a rua me leva, de tarde ela sabe que estou esperando você e quando estamos juntos por todas essas noites. Quem eu seria se não fosse você, o que faria ou falaria? Eu não tenho pressa, pois sei que a onde você me leva, só há espaços pequenos para dois corações felizes, fantasmas sem despedidas, sem partidas e presos para sempre.

Eu vou te amar enquanto durar, como se ouvisse conselhos do vento sobre o fim, sobre o quão bonito e majestoso o sol é; ele sempre volta, dias após dia, logo, não há fim!

Sei onde te encontrar, dance, eu sempre estarei segurando sua mão para o passo final.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Sobre o Rio sem Janeiro...




Não ia falar do Rio de Janeiro, pois eu só penso no mar de Abril. Estava em São Cristóvão bebendo com meus amigos, mas o samba nos chamou e começou a batucar lá pela Lapa. Conheci uma morena que me levou para Madureira, e quando o dia nem tinha nascido eu já estava em Ipanema. Mulheres lindas e sorridentes discutindo sobre paixões, e quando me dei conta eu estava nos pés de Cristo, que benção!

Do Leme ao Pontal não tem nada igual, de lá saímos levemente embriagados e fomos parar em Quintino, terra do Zico, Flamengo de todos nós. Botafogo do Túlio, Maracanã mais lotado que carnaval, passamos por Vila Mimosa, só passamos meu amor, aquilo cheira à leptospirose. Samba de malandro é na gamboa, e desde os tempos que Dondon jogava no Andaraí, joguei também, e brinquei; é meu caro, meu amigo Fulano cruzou da direita, matei no peito e dei de primeira. Não vou falar do gol do Léo, ele é metido, flamenguista de Del Castilho, e logo na padaria me engracei com uma tal de Priscilla... Ah, Priscilla e seus lindos cabelos pretos na orla da Tijuca, ficarei no Rio essa quarta só para te acompanhar em Madureira, samba do trabalhador, cerveja gelada e muito samba, lindas lembranças e saudades do meu avô.

Estive na Rocinha e conheci Clarinha, noivou em Salgueiro e casou pelas bençãos de Santa Tereza, porém aquela era noite de lua cheia, despedida da solteira em Nossa Senhora da Penha... Ah, minha Vila Isabel, só quem é bacharel que tem medo de bamba, e ainda que eu fale sobre os feitiços que a Vila pode me causar. Não cansarei de lembrar do Fulano dando em cima da morena do Vidigal, deixamos a Vila Isabel descendo as escadas enquanto o Léo cantava um samba de Noel, e não adianta discutir muito no sereno, nesse relento, se não perdemos o 917 que nos deixa lá em Realengo...


domingo, 6 de abril de 2014

Esperando você voltar...




Tenho bebido há algumas semanas e sobre meu raciocínio irregular não consigo guardar alguns segredos, tudo é um pouco estranho desde que você se foi. Dias atrás fui no bar em que nos conhecemos, algumas amigas suas estavam lá e vieram ao meu encontro. Incrivelmente elas acham que a culpa é minha, talvez seja, eu não me importo, precisei de algumas doses para dormir bem, saíram de lá gritando aos ventos que eu era um otário. Vão tomar no cu, fizeram minha caveira e agora saem pelas noites buscando transas casuais, deveria ter falado que pelo menos duas daquele grupo me queriam, não quis ser convencido.

Dia após dia, desde os meus 20 anos, vi mulheres que amei arrumarem alguém, casarem e terem filhos. Dias após dias perguntei se poderia ter sido feliz comigo ou não. Não encontrei certeza nas respostas. O tempo é fascinante, irrisório e ardil, me enganou e tardiamente notei a solidão que assola em meu ser. Cigarros perecem e o céu cai sobre meu apartamento, tudo está escuro, minha ressaca é turva. Por incrível que pareça, quando te conheci no bar, você estava com a Geórgia e isso fez com temesse um pouco, duas amigas e um franco atirador, geralmente vocês não permitem aproximação, logo, estávamos em meu apartamento e de repente percebi que estava esperando você. Não existiu amor antes de sua presença, não existiu corpo em que eu queria estar se não o seu; os amores perdidos foram dias e noites livrados de mentiras que tirariam o doce de ter sido seu homem. Longos seis anos sendo o seu homem. Perdi os ases de minha manga, perdi minha obsessão, esperei que você ficasse ou voltasse, malditos quadros pintados que ainda estão em meu apartamento. Devolva meu livro qualquer dia desses, temo por você não ter seu coração aberto, provavelmente não haverá amanhã, mas eu ainda estaria esperando você voltar...

N/A: Mais uma foto dessa rapaziada que manda muito: https://www.facebook.com/AllContrast?fref=ts

terça-feira, 1 de abril de 2014

Sobre os feriados prolongados





Eu vou dar a cópia da chave para ela, dizer que ela é minha enquanto dorme ou faz careta no trânsito; vou gritar para todos os cantos enquanto sua voz sussurra em meu ouvindo dizendo que me ama. Eu vou pintar o sete, ser seu valete, seja minha rainha, columbina, rainha de bateria...minha maestria. Vou ligar para o seu pai de madrugada e bêbado falar que vamos nos casar, vamos namorar e nos esbaldar, quiça arrepiar os cabelos da nuca até o calcanhar, você vai ser minha daqui para uma vida - agora vai dormir, velho, citarei o velho Chico, você não gosta de mim, hahaha, mas a sua filha gosta. 

Seduzo e impeço seus pensamentos em nossas brigas e ameaças de partidas. Fique mais um pouco, não estamos falando de promoções de lojas, estamos falando de nossas vidas, e você sorriu e ficou, você e eu enfim somos novamente um só.

O luar ainda nos brinda e eu sou seu, o Astrubal traz o seu sutiã na boca e invade a cama: "parem, brinquem comigo"...não tem como negar!!! Levanto e faço seu chá, mais cinco minutos para você relaxar, precisamos ir trabalhar, caramba, os cinco minutos voaram e já foram-se vinte, ligarei para a minha secretária.

- Karina, hoje não vou trabalhar, estou com uma gripe fortíssima. Me passe um e-mail, caso precise de mim.

Mais uma vez temos um dia para nós dois, talvez seja seu cheiro, seu riso, mas não nos cabe palavras. Desde a primeira vez que veio ao meu apartamento, ele ganhou cor e flor; azaleias e violetas, rosas e bromélias pela casa inteira. Volta para a cama que ainda precisamos terminar de nos amar... A madrugada invadiu os nossos sorrisos e por fim bebemos vinhos, nos abraçamos e ainda estamos a nos entregar, o sol já está vindo e temos apenas alguns minutos para a sexta-feira despertar, teremos que ir trabalhar...

- Karina, ainda não melhorei... se fez um feriado prolongado para nós dois.