quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Cap.01 - O reconhecimento

Eu testemunhei um crime e não é fácil dizer, pois talvez esse crime tenha sido cometido por policiais corruptos. Morar em uma cidade grande, como a de Milão, na Itália, ainda possui grandes problemas que acarretam em um mal me quer sobre diversas situações vividas cotidianamente. 

Eu sou Defensor Público e sou um dos melhores e, neste maldito dia, após brigar com a minha esposa e de fato não querer chegar em casa cedo, fiz horas intermináveis no escritório, até porque os prazos estão sempre marcados em todas as agendas sob à mesa, e, por mais estranho que seja, eu sou realmente bom no que faço, por mais que não pareça, pois soa patético a forma que me ando, visto ou vivo uma vida sem luxo. Apenas vivo por viver, trabalhar e defender pessoas que jamais seriam defendidas por ninguém.

Enfim, eram mais ou menos 23:00hs enquanto eu descia a avenida principal, próxima à rua do meu pequeno apartamento, bem mobiliado, com móveis caros e escolhidos a dedo por minha mulher. 

Claro que fora extravagante e não concordei, mas não posso negar que o apartamento se tornou um local de paz, ao menos quando não estamos na presença um do outro. Sim, já cogitamos divórcio. 

- À história, em um escadão que liga determinada rua, dois policiais enrolavam um corpo dentro de um tapete e eu infelizmente vi o momento em que o policial inseriu um silenciador à sua .40 e assassinou alguém. Não sei se era homem ou mulher, assassino ou pastor, eu simplesmente não sei o que fizera, porém sei que estava ali, e pior, o policial soube também, quando em um vulto pareceu me olhar nos olhos e correr em direção ao escadão, porém nesta hora eu já havia achado dois ou três caminhos alternativos neste bairro que moro desde à infância e dentro de três minutos eu já estava em casa.

Perplexo, um gole de uísque enquanto minha mulher dorme, preciso fumar, mas não quero, pois larguei esse vício faz mais de dez anos após a morte do meu pai, então resolvo apenas beber como se não houvesse amanhã. As dúvidas pairam sobre mim, como se fossem me descobrir em um drone com visão de raio-x, ou simplesmente eu tivesse que ser acometido por uma tortura em minha consciência vã, inóspita e sombria.

A noite está longe de terminar, mas sinto ela sufocar como se fosse a minha última. Eu preciso fazer alguma coisa... 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

É foda...

...mentiroso de merda...enquanto se vai, fecha a mala, guarda os saltos, toma o último gole de vinho, desliga o ipod e tira seus fones, deixa meu livro próximo à tv, diz que me ama e se vai...o último suspiro, que em Deus se ampara para que nunca me falte orações de proteções. Serão dias longos sem sua presença.

...mentiroso de merda...logo depois de tudo que fizera, de todos os planos, mas a repulsa tomou conta de seu juízo, resolveu partir e desde então se faz vazio em meu peito todo o amor que sinto, em justos braços que não lhe verei repousar, não mais ninguém, ao não ser claro, a solidão, que de tempos em tempos se fez e o fará ainda mais presente. Resolveu partir.

...mentiroso de merda...da janela te vi pedir um táxi, sem forças para ir atrás de ti, sem forças para chorar ou pensar em qualquer outra coisa, se não na tristeza de te ver partir. Ficarás bem, pois gosto de pensar assim, aliás, mereces que sejas assim, pois nunca vivi experiência tão maravilhosa quanto esta, e sim, foram momentos maravilhosos próximos a ti. Eu te amo, mas em todas as nossas últimas brigas, engoli seco tudo o que de ruim me disse, sempre proferindo palavras ruins...mentiroso de merda...

Que encontre paz e me perdoe por todo sofrimento que lhe causei, mas parta de vez, pois ler...de novo, que além de um...mentiroso de merda..., foda...ler de novo, que além de tudo, você gostaria de não ter me conhecido, foi foda. É foda falhar, pois sei que dia após dia sou um ato falho em várias decisões, mas sei que desta vez não falhei e pauto o que fora dito com a máxima de ter feito o meu melhor e, mais, de querer ainda ser melhor...pois dia após dia eu busquei formas melhores de viver em paz por amor, mas eu te vi partir.

A placa do carro era 0608, apenas fechei as cortinas e chorei em silêncio.

Meu boa noite é seu.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Adeus...

E o dia chegou, como de costume resolve partir para seguir uma vida óbvia e feliz sem mim, que sou ignóbil e nu da vida. Aos poucos nos perdemos, onde os costumes já não eram os mesmos e as risadas se esvaem, tornando a rotina algo memorável e lindo, mas já não vivido.

Ainda não criei coragem para juntar os cacos, nem sua roupa...nem remover a aliança do dedo para que a vida siga, mas ela segue. Me faltam palavras, mas sobram lágrimas para todo canto do nosso quarto, que agora é frio e inóspito. Será foda ser apenas meu, continuar sem você e sem nossos brindes, sem nossa preguiça ao acordar, ou ligações antes de dormir, mas já se faz tempo, precisa de outro colo agora, não mais o meu.

Esteja em paz, foi realmente uma experiência maravilhosa ter compartilhado tantos momentos incríveis, e por mais que eu queira que fique com você todas as lembranças e pelo menos algo meu, se não tudo, ou quase tudo...por favor, apenas devolva meu livro.

Que o seu sorriso possa te acompanhar, meu boa noite será sempre seu.

Com amor, Victor Hugo.