domingo, 26 de maio de 2013

Por dias assim...

Eu te fiz dormir, tomei um pouco de café e sai, andei um pouco pela rua e senti o cheiro da chuva, já era mais de três da manhã. A insônia mais uma vez me pegou, porém agora feliz, ter-te aqui mudou minha rotina, minha menina, meu orgulho de miss, melhor atriz do espetáculo, o par perfeito deste estrelato.

Acorda meio zonza, pede mais meia hora, de sete à sete meia sem demora, chinelos claros e roupas escuras, um terço delas no chão, enquanto te acordo beijando a nuca, arrepia e nos tornamos um só, mãos passeando pelo corpo e pintando o sol. Atrasados para o trabalho, rimos um pouco mais, a água do chuveiro é quente, mas o seu corpo é bem mais, ainda sobre os seus sorrisos, adoro te olhar sorrindo.

Ela sai antes de mim, pega e chave de diz "já vou", eu acompanho até a porta e sinto o coração parar, mais um dia perfeita vai trabalhar, com os óculos de lince que só me faz orgulhar. Puta merda, que criatura encantadora, não lembro de ser feliz antes de conhecer essa dona.

Às vezes me perco ao olhar apaixonado, disfarço quando você percebe, as palavras fogem. Quando estamos juntos prefiro o nosso silêncio, sussurros e gemidos à parte, nosso silêncio.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Por aí... [part. final]

... é claro que a mensagem era de Rebecca, atenciosa, marcando um encontro, nossa despedida. Cheguei primeiro e fiquei no bar, quando chegou, ela estava quieta, determinada e fria. Fomos para uma mesa entre duas divisórias baixas e pedimos drinques fortes para a jornada que tínhamos pela frente. Perguntei sobre o seu dia, e isso nós sabíamos discutir, pois ela era Assistente Social de uma casa de recuperação de viciados em crack e ela cortou aos ventos o assunto e fomos direto para o prato principal, o término da nossa relação.

Deixamos a coisa esfriar, na pior das hipóteses, interrompemos o romance, éramos amigos e poupávamos o sexo, poupávamos o desgaste de termos que andar de mãos dadas, até dos encontros no clube de golfe dos seus pais, onde era desgastante ser posto contra a parede e ser fadado como fracassado por toda família mesquinha de Rebecca. Os jantares sempre foram armadilhas, pois todos jogavam na minha cara o quão perdedor eu era, e sem ambição, não procurava o melhor para mim, mas na verdade era o melhor para Rebecca e no fundo, ela sabia disso.

Terminamos, não acredito na besteira de dar um tempo, trinta dias ou dois meses, não mudarei para agradá-la, já mudei de mais e nada deu certo. Eu nunca tive o carro que ela tem e algumas vezes sacrificava dois ou três dias de almoço para jantar com ela em uma noite, sempre sacrifiquei e houveram mudanças demais para que tudo houvesse que ser feliz para Rebecca. Sei que preciso rever alguns conceitos e procurar algo que me satisfaça da forma que ela satisfez.

Ela sorriu e deixou o bar, não olhou para trás e para ser sincero eu também não esperei o seu olhar, bebi até às três da manhã e me dei ao luxo de chegar no escritório às cinco, tudo continua igual, a única diferença é que agora preciso esquecê-la, tenho que continuar a minha vida.

domingo, 19 de maio de 2013

Por aí...

Desde que comecei a labutar na Defensoria Pública da cidade de São Paulo, tenho cotidianamente me comprometido com a defesa do pobre e oprimido, independentemente do pouco que ganho ou de quanto é apertado o meu orçamento, eu tenho um prazer solitário e solidário a independência do meu trabalho e com a imensa satisfação de proteger os desprivilegiados.

Tenho aprendido tudo do modo mais difícil, tenho sujado as mãos e feito disso um treinamento necessário para me lançar em carreiras promissoras em um futuro próximo. Alguns me acham louco, pela média de horas trabalhadas e pelas notas que tive na universidade, alguns desapontam meu terno surrado e os nós tortos de minhas gravatas, sim, principalmente os pais ricos da minha namorada.

Há tempos venho desapontando os senhores Menezes, (1) pelo pai de Rebecca ser sócio do maior escritório de São Paulo e querer um advogado talentoso e jovem trabalhando com ele, (2) por não ter condições de dar à filha amada e querida o status com o qual ela sempre foi acostumada a ter, (3) por estarmos juntos há cinco anos e em momento algum ter cogitado sequer um noivado. Na verdade, isso já está deixando-a irritada, quiça, sem palavras. Já faz uma semana que não retorno suas ligações, meu café está frio.

Ainda tento entender as contradições de meu coração, o revirar do estômago enquanto bebo nas madrugadas frias e agora solitárias enquanto ela se diverte com as amigas em algum pub recheado de riffs e solos de guitarra.

Enquanto trabalhava pude ver a Virada Cultural da janela do prédio da Defensoria neste domingo e todos os rostos me pareciam de Rebecca, e todos os namorados juntos pareciam nós dois, mas meu silêncio trouxe o paradigma de que talvez ela esteja bem, talvez esteja melhor sozinha do que com a minha companhia.

Trabalhei mais de nove horas em um domingo, cheguei em casa e a secretária eletrônica acusava uma mensagem de voz...

[continua]

domingo, 12 de maio de 2013

Dez ou quinze minutos a mais

Não adianta transar e sair no meio da madrugada, o beck ainda está aceso e pronto para mais uma prosa, tenho gostado da sua pele, do cheiro e do seu riso, sua pele macia em cima da minha, o vento que arrepia pela fresta da janela, meia luz meus olhares são só para você.

Deixei o amanhã de lado, mas se eu acordar e você estiver do meu lado o caminho escolhido foi o certo. Não escolhi gostar de você e aos poucos você começa a gostar daqui, meu travesseiro tem o cheiro do seu shampoo. 

Brindamos por vários motivos, é muito bom ter você por perto, um domingo qualquer ou de sol, que pode até nascer para todos, mas dividir a sombra da nossa cama está sendo só com você, ranheta ao acordar, na ponta do pé teme me acordar, já deixei o café pronto e ela nem reparou, ela sempre dorme dez ou quinze minutos a mais.

Ela sofreu bastante, sinto algumas cicatrizes em seu corpo quando passeio pelo labirinto do seu corpo, mas não pego atalhos. Todos os dias tento conquistar, às vezes até francês eu finjo falar, Ne Me Quitte Pas*, 

malditos desamores presentes na vida das mulheres, estou fazendo arte enquanto faço amor, - não, só sexo por favor, amar é difícil, faça-me favor -, ela costuma dizer.

O domingo passou e ainda estávamos na cama, nunca imaginei acordar segunda-feira de bom humor, antes de levantar vou aproveitar mais uns dez ou quinze minutos tão habituais na vida dela.



* não me deixe

terça-feira, 7 de maio de 2013

O fim que se aproxima [ part. final ]

... e meu telefone não tocou no horário habitual, cinco horas de um novo dia e todas as luzes do escritório estavam apagadas, quase todas, uma ou duas ligadas, jovens advogados trabalhando com os relógios pendurados no pescoço faturando 300 ou 400 reais pela hora labutada.

Será que foi aí que pequei? Muito trabalho, ganância e vontade de crescer, talvez tenha esquecido amar e não saberá mais reascender a paixão. Foram apenas alternativas, o momento nos transforma nessa máquina sem sentimentos, insensível, insípido.

Detesto ter um longo dia de trabalho e não encontrar Angeline, porém dessa vez nunca mais, bilhetes por toda casa faziam quebra-cabeças tortuosos. Já estava exausto, mas sabia muito bem decifrar seus códigos, me perdi ao sentar no sofá, esgotado depois de quinze horas trabalhadas, todos bilhetes postos na mesa de centro do nosso apartamento, do meu, melhor dizendo.

Okay, você dizia que já tinha tudo o que precisava e eu não sabia lidar com sua dor, que era apenas mais um à tentar livrá-la da solidão ou do medo de não se apaixonar por alguém novamente. Angeline deixou isso bem claro quando veio morar comigo, que era complicada, e que quando chovia, dilúvios rolariam sempre. Me falou também que NUNCA soube lidar com os problemas e não quisera ser inconveniente para alguém.

Eu sempre gostei de sentar do lado dela e escutar os palavrões, essa terapia me fez bem durante esses anos, diga-se de passagem, era a única coisa que o nosso relacionamento tinha, carinho para escutar todos os problemas do nosso cotidiano difícil, isso fazíamos como ninguém, pois cansávamos e logo sorríamos até trocar carinhos.

Pouco importou, eu fui um cara legal, cobria-a antes de sair e não importava de fazer amor duas ou três horas a mais durante a madrugada; mesmo só eu acordando cedo e dormindo tarde, pouco importava mesmo.

Minha adega está vazia, levou todos meus vinhos, deixou a marca de um deles no meu tapete branco, levou nossa cadela Pérola para longe daqui, talvez ela também não gostasse tanto de mim assim.

São cinco horas da manhã de um novo dia, o café não está feito e o nó da gravata está torto, talvez eu ligue para Angeline, ou não, já foi árduo demais escutar da mesma de que já não precisa de mim.

N/A: Segundo e último capítulo dessa crônica, espero que tenham gostado. Caso não tenham lido o primeiro capítulo, o link estará posto embaixo dessa nota. Muito obrigado a todos. Beijos a todos, é por vocês que escrevo.

sábado, 4 de maio de 2013

O fim que se aproxima... [ part.1 ]

Com o passar dos anos eu e Angeline tínhamos aperfeiçoado o hábito de simplesmente nos ignorarmos mutuamente, ao invés de brigar, fingir que estava tudo bem enquanto bebíamos mais uma ou duas taças de vinho.

As semanas que se arrastavam estavam tortuosas, tardias e impiedosas. O sol nascia turvo meio aos dias cinzas, porém sempre que punha os pés na rua me lembravam os castanhos de seus olhos, mesmo não tendo-os mais próximos aos meus. 

No começo eu imaginei que daria certo, éramos felizes e sua frieza fez com que o nossa união desse certo, às vezes almoçávamos, e nas visitas familiares de domingo fingíamos ser o casal perfeito e nossos amigos sempre nos pediam conselhos para ser um casal perfeito, doce ilusão.

Preciso de um cigarro, qualquer hora eu volto para terminar essa história, até porquê meu telefone tocou e preciso voltar ao escritório...

N/A: Cotidiano difícil, dois ou três capítulos, obrigado pelo carinho de todos.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Vá à merda com seu falso amor

O casamento não ia bem, na verdade o motivo do divórcio foi mais que as simples brigas nas manhãs frias antes de irmos trabalhar. Vá à merda com seu falso amor!

Não deveríamos ter apostado nisso, nessa mentira, sua frieza rude deteriorou tudo o que tínhamos, enfim, não tínhamos nada. Fica evidente que seus sorrisos eram mentirosos, pois não consegue amar a si mesma, que dirá amar alguém. Raiva dos cafés e dos livros, sufocante ir ao club's tomar uma dose ou duas, sempre a sua música, lembro do seu maldito sorriso e do seu vestido preto, incrivelmente fica linda de preto.

Tentei salvar o casamento diversas vezes, na saúde ou na doença é o que dizem... Teoria blasé, tento reviver pensamentos e provar que tudo o que aconteceu é lindo, mas não encontro absolutamente nada que tenhas feito para salvar o casamento, principalmente por sempre me culpar pelo seu passado.

Estou perdido sem você, e agora mais do que nunca precisei da sua verdade, mas por aquela porta se foi e nunca mais voltará.

Volte caso acredite em nós, se os abraços e beijos existiram de verdade algum dia. Caso contrário, vá a merda com seu falso amor.