domingo, 27 de outubro de 2013

Enquanto me perdia, encontrei você

Enquanto minhas noites são turbulentas, meus domingos serão de sóis, a sós, eu e você; seus cabelos loiros e o sorriso ímpar que guardou para mim. O tempo só te fez bem, sinto sua mão na minha e arrepio todas as vezes que esbarramos, ou quando você deita sua cabeça em meu ombro, jamais esqueceria o cheiro do seu perfume, mesmo depois de tempos sem te ter, obrigado por voltar minha pequena.

Somos decepções, tristezas e lágrimas, percebemos que o tempo se perdeu para nós, afinal, nunca estivemos juntos, talvez agora saibamos caminhar em direção ao sol, você volta a tornar o livro mais precioso em minha estante, meu copo de cowboy nas madrugadas insones e também os melhores motivos para sorrir sem significados, apenas por ter esperança de te reencontrar, reerguer e reestruturar uma comunhão, só eu e você.

Somos misteriosos, foram longos os oito anos desde a nossa separação, talvez nove, mas foram as verdades ditas em seus ouvidos que a música se fez momento nítido e sentido áspero. Gostar e querer, sentir os pés saltar do chão, por mais que estejamos machucados com as reais situações, ainda pensamos em um novo romance, nem tão novo assim... estamos indo com calma, não fique constrangida, me dê suas mãos novamente, o tempo só te fez bem...



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Sobre a solidão

Sou um homem distinto, deixei a barba crescer e sempre antes das oito horas da manhã saio para trabalhar.

Visto um traje despretensioso, meus óculos distraem meus olhos castanhos normais, sou comum e oculto, meu espírito misterioso não permite manifestações em primeiros momentos, quiçá nos primeiros encontros, mais uma vez tenho um encontro nesta noite, espero que não estrague tudo novamente, sou astuto, mas quando trata de amor, tropeço na escuridão trágica dos corredores da escravidão, definitivamente morarei sozinho, meu nome é Marx Javent, tenho 27 anos e não tenho com quem compartilhar meus cafés da manhã.

Acontece que eu não era assim, há lugares que lembro, mantive uma excelente relação, estraguei o futuro por simplesmente não conseguir viver no presente, às vezes nos esbarramos pelos corredores da repartição, não passamos do bom dia; na verdade, sorte por ter monitores nos elevadores hoje em dia, irá chover e está trânsito em Nova Iorque, novidades dos taxistas, os elevadores não precisam mais daquelas músicas chatas.

Embora eu saiba que nunca perderei o afeto pela mulher que amo, sei que a frequência me traz menos pensamentos surreais sobre o que seríamos, sobre suas roupas pretas e seus cabelos jogados em mim, ainda lembro e sofro, mas acho normal esse sentimento, medo e frieza me prender, talvez seja por isso que beba tanto, principalmente em dias de chuva assim.

Já são seis horas da tarde e meu celular está tocando, disse que me atrasarei para o primeiro encontro, deixaremos para outro dia, esse dia jamais chegará, ela está de passagem pela cidade. Chego em casa e mais uma vez a companhia será do Cavalo Branco. 

Quando olho pela janela ela está do outro lado da rua, fecho os olhos e ela simplesmente desaparece, estamos sozinhos mais uma vez.






segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Sobre distância

Estou disperso nessa madrugada, inócuo e pensante. Só tenho certeza sobre a idade da minha bebida, seus dezoito anos me convencem. Preciso de paz, não consigo encontrá-la em algum lugar. Porque a paz de repente não aparece em casa e estiga, provoca, demonstra dizer a verdade, sobressai meus planos falhos e de encontro com meu abraço se entrega verdadeiramente!?

Não sei qual caminho percorrer, nem se o caminho que estou é o certo ou errado, tenho que ser verdadeiro comigo mesmo, se não eu jamais saberia amar você, mas eu simplesmente não consigo retribuir a sua distância, eu simplesmente não acredito, isso acaba comigo e traz a insônia novamente para meu quarto escuro e frio.

Talvez eu deva percorrer esse caminho sozinho, o destino é um pouco duro comigo.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A triste partida

São cinco da manhã e meu celular começa a vibrar alucinadamente na cabeceira da minha cama, derruba meu copo d'água e apesar do barulho não acorda minha mulher, meu trabalho começará mais cedo hoje, a sessão de narcóticos já me espera para mais um trabalho nessas sextas-feiras complicadas.

Habitualmente tomo um banho, deixo um bilhete para você no espelho do banheiro, coloco minha .40 no falsete coberto pela meia, na perna direita. Digo que te amo, você não acredita, você me pediu mais presente, dirá adeus novamente, dessa vez terei que deixar você partir, você não vê mais soluções para os amanheceres sozinhos em nossa cama, cada vez menos minha, cada vez menos seu.

Eu não te conheço mais, beijo nossa filha Clarinha e digo que a amo, não consigo dizer para você, será que esse segredo envolve minhas insônias quando estou aqui, e ainda motiva meu labor diário que varia entre onze há quinze horas trabalhadas no dia. Sou violento e brigo contra todos no trabalho, ser delegado não é fácil, esse é meu papel, porém sempre evitei brigar com você...

Todos temos segredos, talvez o meu seja esse... talvez meu segredo seja gostar de você o suficiente para você partir e ser feliz, porquê enquanto dirijo à 150 km/h em uma rua pequena percebo quão minha vida vale pouco sem você, ínfima e pífia, porém prefiro que seja feliz.

No bilhete eu dizia para fazer minhas malas, voltaria para dar um beijo na Clarinha, dar meu novo endereço e seguir com a minha infeliz vida, espero que entenda que simplesmente faço isso para você seguir em frente e não vivermos uma mentira.

Gostei do seu corpete preto enquanto dormia, não esquecerei um dia sequer de você, mas será melhor assim...




quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Queiras partir, ou pretendes ficar!? [part. final]

Você acordou mais cedo e fez o café, eu estava jogado no sofá quando a primeira luz do dia atravessou a cortina em meu encontro. Na noite passada preferi duas doses do meu uísque 18 anos, presente seu, muito obrigado aliás. O cheiro que vem da cozinha é muito bom, você não perde o dom.

Tentamos sorrir enquanto conversávamos, você me falou dos seus problemas, não entendo como pode ser tão frustada com o amor, tão bonita e jovem, com sorrisos e carismas fáceis de serem levados, mas ao menos fiquei tranquilo. O problema não está só em mim, nascemos para sermos solitários. Você fala dos seus planos, longos meses sem nos falarmos... gostei das mechas em seus cabelos, gosto de como brinca com os tons louros, na verdade, gosto de tudo em você, principalmente do preto da alça do seu sutiã enquanto sua camisa está jogada pelos ombros.

Diga por que está aqui e porque voltou, preciso saber se não é mais um cintilar de suas carências, e você logo diz que precisa de mim, mas que precisa ir embora, pois o que gosta é de estar longe, distante como os campos vastos da primavera, e de repente no meio do diálogo os nossos braços se entrelaçam e mais uma vez nos tornamos um. Saudade e solidão desaparecem, somos os melhores nesta arte, nos iludimos pois dessa vez acreditamos que podemos ficar juntos.

Arranha minhas costas enquanto sussurro em seus ouvidos como é bom tê-la só para mim, você geme baixo dizendo que é só minha, caímos no chão e derramamos uísque no tapete, sorrimos enquanto me perco em suas curvas, sem atalhos escolho o caminho mais longo para te satisfazer, temos muito tempo nessa segunda-feira, eu me dei folga para trabalhar com você. Sua pele macia e fria em atrito com meu corpo quente cria faíscas que preencherão nossos dias. Me indica o caminho mais curto e quando percebo terminamos mais uma vez, sorrimos sem graça dizendo que foi especial e diferente das outras vezes, que fora ainda melhor, muito melhor.

Você vai embora no meio da tarde enquanto me preparo para almoçar, este dia me alcançou a milhas de distância, recordarei das incitações de amor, você disse que irá voltar...


Já se passam cinco meses e você sequer voltou, seu telefone só dá caixa postal, e por incrível que pareça eu acreditei em você, você disse que éramos verdade.





sábado, 12 de outubro de 2013

Queiras partir, ou pretendes ficar!? [part. 1]

O dia cinza me assolou, choveu no final da tarde e quando anoiteceu o porteiro não me avisou, você subiu para o meu apartamento com o rímel borrado e o alfinete no cabelo fez-te mulher feliz. Você não finge bem, eu sei que seu coração está triste, sei que está em pedaços. Você pode entrar, não sairei nesse sábado, preciso terminar uns relatórios. Tome um drinque, na gaveta da televisão tem aquele verdinho que você gosta de queimar. Se joga no sofá e fala sozinha, a pérola chega para te fazer companhia, gostei do seu novo coturno, o último que vi era horrível, são apenas pensamentos, optei por sequer trocar uma proza nessa noite perdida.

Consigo interceptar um pouco dos seus pensamentos, seu rosto vago e pálido indica sua falsa crença em algum amor, desamor, não sinto essência boa em seus quereres, afinal, não terminaria a noite aqui comigo, viciado em solidão. Na verdade, não gosto muito das pessoas, curto o êxtase eterno de um Nirvana pessoal, altar particular. 

Já passam das duas da manhã e ainda chora, está na beira do abismo, a pérola sente e uiva de dor. O cheiro atravessa pela janela, estou terminando meus relatórios e ainda não conversamos, não perguntei se está bem, não te queria aqui, mas você entrou. Não sou de dizer não, principalmente para você. 

...

Com o rosto triste se esforça e franze os lábios, luta contra as pesadas doses de hennessey, é lamentável ter que dormir no sofá de novo, mas seu lamento vão enquanto te pego no colo e deito-te em minha cama é inviável, não precisa agradecer - penso em voz alta -, a pérola dormirá com você essa noite, já deitou próxima ao travesseiro.

Preciso tomar um café, atravessarei mais esta noite, incrivelmente sozinho, mesmo ao seu lado.

domingo, 6 de outubro de 2013

Part. 2 e final

... mas não consertei, o tempo realmente se perdeu. Fiz suas malas, troquei a cor da cortina, seu abajur está embalado com o jornal, o relógio da parede foi eu que comprei? Não lembro de ter comprado os dois quadros do corredor também.

A pérola gostou do cantinho perto da geladeira, por mais que ela fique mais tempo na nossa cama, em minha cama desde então, você não voltou, visite-a quando eu não estiver, não acredite em nós novamente. O óbvio descaso da nossa relação se fez, desfiz, somos lunáticos ou distantes, os planos se desgastaram, afinal, não existia amor, lutei muito para que existisse.

As luzes que atravessam a cidade por essa madrugada inquietam a minha janela semi-aberta, partilharei mais uma inquieta noite com meus livros, detesto não ver a bagunça dos seus tirando o espaço da minha mesa.

Não pedi muito, apenas provas... você foi incapaz de provar a verdade sobre nós, ou minha verdade sobressaiu, nosso muro desabou, seus cabelos longos e pretos não cairão mais por aqui.

Passarei as noites inteira rezando e implorando para Deus, que cuide e zele por ti, que esteja contigo quando eu não estou.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Part. 1


Nós tínhamos marcado de tomar um café no final da tarde, a audiência atrasou e eu não consegui sair do fórum. Quando cheguei no starbucks no final da nossa rua você não estava mais lá. 

Não sei como você permanece aqui, hoje você foi dormir com seus pais e eu já estou acostumado em atravessar as madrugadas estudando e pensando no meu futuro, sozinho. Preciso parar e pensar no nosso.

Pedi perdão, por telefone eu não consigo expressar muito bem o que sinto, você só quis dormir. Chorar e dormir. Eu não sei mais prometer, as minhas promessas foram falhas e não nos levaram em lugar algum, só desgastam o que temos, ou deixamos de ter.

Preciso consertar o tempo que se perdeu entre a gente...