quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A triste partida

São cinco da manhã e meu celular começa a vibrar alucinadamente na cabeceira da minha cama, derruba meu copo d'água e apesar do barulho não acorda minha mulher, meu trabalho começará mais cedo hoje, a sessão de narcóticos já me espera para mais um trabalho nessas sextas-feiras complicadas.

Habitualmente tomo um banho, deixo um bilhete para você no espelho do banheiro, coloco minha .40 no falsete coberto pela meia, na perna direita. Digo que te amo, você não acredita, você me pediu mais presente, dirá adeus novamente, dessa vez terei que deixar você partir, você não vê mais soluções para os amanheceres sozinhos em nossa cama, cada vez menos minha, cada vez menos seu.

Eu não te conheço mais, beijo nossa filha Clarinha e digo que a amo, não consigo dizer para você, será que esse segredo envolve minhas insônias quando estou aqui, e ainda motiva meu labor diário que varia entre onze há quinze horas trabalhadas no dia. Sou violento e brigo contra todos no trabalho, ser delegado não é fácil, esse é meu papel, porém sempre evitei brigar com você...

Todos temos segredos, talvez o meu seja esse... talvez meu segredo seja gostar de você o suficiente para você partir e ser feliz, porquê enquanto dirijo à 150 km/h em uma rua pequena percebo quão minha vida vale pouco sem você, ínfima e pífia, porém prefiro que seja feliz.

No bilhete eu dizia para fazer minhas malas, voltaria para dar um beijo na Clarinha, dar meu novo endereço e seguir com a minha infeliz vida, espero que entenda que simplesmente faço isso para você seguir em frente e não vivermos uma mentira.

Gostei do seu corpete preto enquanto dormia, não esquecerei um dia sequer de você, mas será melhor assim...




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