sexta-feira, 30 de maio de 2014

Sobre a vida...



Quando estou em algum bar, faço questão de começar qualquer conversa com as mulheres falando de meus fracassos, talvez para elas não se sentirem surpresas no decorrer do relacionamento, mesmo que seja apenas por uma noite, pois realmente sou um fracasso em meus relacionamentos, todos.

Me chamo Marcos, tenho 28 anos e tenho procurado uma namorada desde os 23, quando me formei e me tornei publicitário. Sim, às vezes não tenho horas para sair da agência e muitas vezes perco meus finais de semana, amo o que faço, me sinto importante quando trabalho até tarde enquanto todos meus amigos já descansam em suas respectivas casas com suas famílias. A quem eu quero enganar?! Mentira, trabalho na Defensoria Pública da cidade de São Paulo, minha mesa entulha pilhas de processos, manchas de café por todos os lados e cheiro de mofo no carpete árido sem limpeza, há meses perdi meus óculos, estão por aqui em algum lugar. Logo, minha vida é complicada, por mais que algumas mulheres achem que seja fácil, minha secretária me detesta também, tenho um dom especial com a alma feminina.

Tempos atrás encontrei a mulher da minha vida - ela era estranha - , mas era minha. Não falo em ser estranha por ter vinte cores de cabelo diferente, nem tampouco em se vestir toda de preto, não, falo por ela simplesmente ser estranha, sem contar o nariz, fico louco por narizes grandes, sou louco, foda-se. Encontrei-a, surtou e foi embora, nada diferente dos outros fracassos que tive, mas dessa vez nunca soube se era charme ou verdade, achei que voltaria, não voltou e me culpa até hoje por não estarmos juntos, às vezes encontro-a no PUB que frequento na Bela Cintra, ela está sempre rodeada por sorrisos, e eu sento no balcão e converso com o proprietário local. Sim, não tenho muitos amigos e sempre bebo sozinho, sou uma catástrofe em todos os aspectos e sentido, por mais que tente exorcizar todos os monstros. Como?! Bebendo e fumando, é claro...todos os dias!!!

Estou bêbado e resolvi escrever isso na terceira pessoa, mas não o fiz, porra, já se passam das três da manhã e mais uma vez dormirei menos de cinco horas nessas noites frias do inverno paulista, qualquer dia eu volto para terminar essa história...

...ou não.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Enquanto isso...



Optei por ter você em uma noite e de repente a situação fugiu do controle, você já estava aqui para sempre, sem remorso ou arrependimentos, eu tinha certeza que era você desde o primeiro dia em que te vi sorrir com os olhos. Segurei suas mãos e os abraços perdurarão no tempo, talvez ele tenha parado, talvez o mundo tenha entendido que fomos feitos um para o outro. Rainha do meu reino, te procurei em muitos reinos, você sempre esteve ao meu lado, agora você é minha inspiração e é só disso que preciso.

Enquanto algumas pessoas sonham em ser vis, opto por ter-te exclusivamente, amor egoísta e surreal, chamem os jornais, ela aceitou o meu pedido, flores nascem no inverno, sorrisos nos rostos das crianças; depois de tanto tempo sem me apaixonar, percebo que nunca sequer senti isso, talvez esteja aprendendo a andar de bicicleta novamente, rufem os tambores, perdi os passos, mas caminho ao seu lado.


domingo, 18 de maio de 2014

Sobre os trinta anos



Chegamos em nossos trinta anos e percebemos que algo está errado. Os bares são sempre os mesmos e quando nos damos conta, as músicas são velhas e os hábitos também; talvez o que salva é ter os amigos velhos, aqueles que já temos há mais de vinte anos, mesmo a grande maioria tendo namoradas, sendo pais e mães e já casados, sou padrinho de alguns, aliás. 

Os trinta anos nos reserva a independência financeira, desde que moro sozinho já tive amores que foram desfeitos como simples nuvens no céus; amores que duraram menos que chuvas de verão. Aos trinta anos você pensa: porra, estou sozinho e a culpa deve ser minha.

Dias atrás enquanto transava, o que cada vez mais é raro, pois trabalhando onze horas por dia você simplesmente não tem tempo para isso, você esquece o mundo, enfim... estava transando e não parava de lembrar da minha primeira namorada, eu tinha 16 anos, eu era feliz. Já trabalhava, mas eu sabia conduzir o tempo, minha mãe ainda lavava minhas cuecas e fazia meu almoço, senti saudades da minha primeira mulher. Eu nunca fui pegador, acho normal transar com mulheres diferentes todas as semanas, mas isso não me torna um cafajeste, trato-as bem, mesclo um pouco de safadeza com um jeito carinhoso, mas são apenas transas, eu me bloqueio e não envolvo o coração nessas coisas, eu não acredito muito no amor, às vezes penso até que meus amigos estão errados, mesmo estando felizes.

Sei lá, preciso beber mais alguma coisa, e muitas vezes em meu apartamento você não encontrará o que comer, mas as bebidas que tenho por aqui são para todos os gostos e ocasiões, de bebidas eu entendo, bem mais do que mulher, para bem falar a verdade. A crise dos trinta anos me deixa depressivo, estou aprendendo a tocar gaita para deixar claro isso, pois talvez o destino seja perseguir sozinho.

domingo, 11 de maio de 2014

Noites e mais noites...




São duas da manhã em um quarto de hotel, música ao vivo do outro lado da rua, champanhe e seu corpo, nosso corpo entrelaçado e disposto ao carinho e ao calor, quanto calor... calcinha no chão, beijo seu corpo enquanto você me arranha sem pudor. Geme enquanto nossos corpos alcançam um calor febril, meia-luz vejo seus olhos virarem, sinto seu corpo tremer, você quer mais...minhas mãos entregues e postas em seu corpo gostoso, seus seios perfeitos em contato com a minha boca, você sobre meu corpo me agride, arrisca movimentos elásticos, funciona, estamos longe de terminar.

Já passam das quatro da manhã, risadas gostosas, completamente nus fumamos um do verde, espumante gelado, mais risadas sobre a vida. Jack Johnson no tape nos convida, estamos entregues, não há mundo lá fora. Precisamos acordar amanhã cedo e não conseguimos pensar em mais nada, ao não ser em nós dois.

Puxo seu cabelo e trago novamente seu corpo próximo ao meu, a noite está longe de terminar, quando a gente pensa em dormir já é hora de acordar, levanto, te vejo caminhar até o banheiro, sorri e reclama um pouco da água fria do chuveiro. Faço um café e espero você se trocar, estou indo embora com vontade de ficar, logo nos teremos novamente, logo seremos só eu e você...

domingo, 4 de maio de 2014

Sobre a necessidade...



Não lembro de pedir sua volta, nem sequer seu sorriso próximo ao meu. Lembro de dizer que sinto saudades, mas prefiro às sentir do que ter-te novamente. Não acredito em você, você pediu o plural, vários amores, foi uma necessidade sua, lembro de escutar de suas palavras sórdidas, talvez tenha sido em Dezembro, mas lembro de escutar-te feliz com outro alguém. Não queira ser minha novamente, eu não costumo desejar meu mal tão friamente, tratei-te como necessidade, mas você é o tipo de casa que eu não posso mais entrar, é uma rosa cheia de espinhos, é uma faca no chão após o corte profundo em um dedo provocado por um descuido de uma maldita cebola. Você é o final de tarde na cidade de São Paulo chuvosa, em plena sexta-feira, em plena Imigrantes às seis da tarde indo para a praia, você entende quão ruim você é?! quão mal você consegue me fazer, ou me fez, ou ainda fará?!

Não estarei ao seu lado, mesmo para sempre te amando, como se fosse platônico, em silêncio sempre falarei aos ventos que fui feliz contigo, mentirei para o resto da vida, é a tal da necessidade perdida, nem Deus andará por onde eu gritarei.

O sentimento de saudade é o que se foi, amor que não voltará para esta cidade, mesmo sendo errado, mesmo você sabendo o que aconteceu. Boa parte de mim foi embora quando você me julgou mal, trouxe para a nossa história um novo alguém, hoje me perco nas noites e não me arrependo de me apaixonar uma vez por semana, a última tinha cabelos laranjas, lembro das unhas azuis, ela dançava; não era real, desenhei nas ruas um amor triste, porém não tão triste quanto imaginar-te feliz ao meu lado, não existe tão pleonasmo, nunca existiu nós dois.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Sobre partidas...



E como se eu fosse culpado pelo fim, você quebra o vaso no espelho, rasga as folhas dos meus livros e leva meu cachorro embora. Porra, levastes o Astrubal para longe de mim, nem sequer teremos guarda compartilhada por meu menino, ah, teremos sim. Meu maço de cigarro está no fim e enquanto a fumaça toma conta do meu apartamento cinza, mais um dia de chuva em São Paulo. Saudades das manhãs chuvosas. Sem precisar seguir regras ou ordens, duas almas perdidas por um universo paralelo que nos tínhamos, dois corações cantando, não pensei que chegaríamos ao fim.

Não sou de implorar voltas, queres partir e me culpar por não lutar por seu amor, diz que sou bêbado e não abandono a noite. Hoje me arrependeria se houvesse feito tudo o que me pedistes, pois na hora que resolveu ir, foi; não questionou sobre como eu ficaria aqui, sozinho, no limbo. Sempre fui acostumado a ser só, para bem falar a verdade, não sei compartilhar momentos de felicidades com alguém, não mais que uma ou duas noites, finjo compromissos depois do sexo só para não termos conversas casuais e patéticas nus, na cama, só para não criar vínculos de casais, me assusto com tanto prazer e carinho.

Apenas faça com que o Astrubal esteja comigo, a dor da sua perda um dia se esvai, mas não ter meu cachorro por perto me fará o homem mais triste do mundo. Talvez tenha te amado, nasci para que tenhas você, rainnha da noite, mas por ora não penso nisso, são hipóteses, confusões na cabeça de um louco, são pensamentos irrisórios e devaneios, para bem falar a verdade,

preciso beber alguma coisa.