sexta-feira, 2 de maio de 2014

Sobre partidas...



E como se eu fosse culpado pelo fim, você quebra o vaso no espelho, rasga as folhas dos meus livros e leva meu cachorro embora. Porra, levastes o Astrubal para longe de mim, nem sequer teremos guarda compartilhada por meu menino, ah, teremos sim. Meu maço de cigarro está no fim e enquanto a fumaça toma conta do meu apartamento cinza, mais um dia de chuva em São Paulo. Saudades das manhãs chuvosas. Sem precisar seguir regras ou ordens, duas almas perdidas por um universo paralelo que nos tínhamos, dois corações cantando, não pensei que chegaríamos ao fim.

Não sou de implorar voltas, queres partir e me culpar por não lutar por seu amor, diz que sou bêbado e não abandono a noite. Hoje me arrependeria se houvesse feito tudo o que me pedistes, pois na hora que resolveu ir, foi; não questionou sobre como eu ficaria aqui, sozinho, no limbo. Sempre fui acostumado a ser só, para bem falar a verdade, não sei compartilhar momentos de felicidades com alguém, não mais que uma ou duas noites, finjo compromissos depois do sexo só para não termos conversas casuais e patéticas nus, na cama, só para não criar vínculos de casais, me assusto com tanto prazer e carinho.

Apenas faça com que o Astrubal esteja comigo, a dor da sua perda um dia se esvai, mas não ter meu cachorro por perto me fará o homem mais triste do mundo. Talvez tenha te amado, nasci para que tenhas você, rainnha da noite, mas por ora não penso nisso, são hipóteses, confusões na cabeça de um louco, são pensamentos irrisórios e devaneios, para bem falar a verdade,

preciso beber alguma coisa.

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