terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Enquanto estou por aí...


Atravesso o silêncio da madrugada e algumas vezes me sinto artomentado por motos e carros que de cinco em cinco minutos passam por aqui. Moro próximo a um hotel, o letreiro pisca e me cega, maldito Minhocão, é horrível morar no final da Avenida Angélica. Whisky puro enquanto peço perdão a Deus. 
Não sei, não nasci para aguentar pessoas rudes, já me basto. Estou caindo e não culpo ninguém. Esse sou eu, essa é minha vida. Colocarei a culpa nos outros sim, fora-se quem me julga. Não quero ter ninguém, nunca sonhei com isso. Não entendo as mulheres e nunca tentei entender; aliás, quando entendi uma medíocre maldita ela resolveu partir. Ainda bem que nunca mais me procurou. Mudei meu endereço, não tenho mais celular. Saio por aí e compro o sexo, mato o amor. Há tempos esse meu tempo não muda. Ainda não consigo pensar em ser de apenas uma mulher, sequer consigo ser meu.
Os dias passam...

Rezei, acreditei em Deus por alguns instantes. Não pedi nada, sei que ele está ocupado com coisas mais necessitadas, mas sei lá, é foda... tem sido foda conviver com essa depressão. 

As contas estão atrasadas, carta de despejo por baixo da porta. O chuveiro queimou, tenho tomado banho às vezes. Por ora, desde quando ela fora embora eu me permiti essa vida.
Preciso parar de beber, vou colocar minha mochila nas costas e sair por aí...

domingo, 14 de dezembro de 2014

Enquanto bebo...

Sinto falta do amanhã, parecia ontem, mas era apenas saudade;

Saudade dos seus beijos, porém nunca os tive, foi bom sentir o calor do seu abraço, foi um bom sonho;

Abraço sem braços, noite de chuva em um sol frio, há tempos meu tempo parou;

Relógio quebrado, hoje parecia segunda-feira, mas despedi de ti na quarta, parecia ontem, mas era só saudade;

Saudade do que nunca tive, quando tive fora apenas um momento, uma noite que acostumou-se com o amanhecer de um novo dia;

Um maldito novo dia, uma querida velha noite. Desconheço o amor, tampouco te conheço, me perco em pensamentos obsoletos, não sei quem sou, não sou quem bebo, bebo o que fumo, fumo em paz um verde;

Verde em um novo dia, me restou o cinza turvo dos pensamentos de uma velha noite. Chove sobre seu corpo nu, perdido no espaço, me encontro em um labirinto criado por mim, grito aos ventos que só preciso estar contigo, mas detesto ter sua companhia, prefiro a solidão, prefiro estar só;

Maldita solidão, faz com que sinta saudade, sinto falta de ontem, porém era só amanhã;

Amanhã me esbarro, fumo um cigarro, dou um trago. Ontem me arrasto, cansado e descalço, em busca do seu abraço;

Detesto amanhã, parece ontem. Detesto seu abraço, parece um maldito cigarro. Detesto você, ontem eu não diria a mesma coisa. Eu te amo. Tola, sequer existe, por sorte sua, o azar me pertence.

De todas as mulheres que tive, a única que não me abandonou é você, estava com saudades insônia, trarei mais uma dose de uísque para nós dois.