quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Eu sempre volto, mas...

Trinta e cinco minutos de um novo dia, eu preciso de mais uma dose, mas eu preciso de mais uma dose do seu corpo. A dor que pago para te ter, esse amor que te entrego e não peço troco, não peço perdão, só eu e você, seus olhos e sorrisos que brindam e brilham na minha escuridão. Você me entende, e eu esqueço dos meus problemas, apenas transamos e fumamos, risadas à parte, acendo mais um fininho, bebemos mais um vinho, o amor que te trago é passageiro, mas você finge entender o momento que temos, já não nos iludimos quando aos pés dos ouvidos falamos que é para sempre, e eu tento não me importar com sua ausência, afinal, eu sou o culpado pela partida, pois sempre parto sem dizer adeus, detesto despedidas, às vezes nem deixo bilhetes no espelho.

Eu te amo até o nascer do sol, jogue as chaves fora, mais uma vez viajo à trabalho, a vida é breve e o prazer é leve, sou refém da solidão, mas as minhas recaídas pelas doses que tenho de você, são excelentes; blues fascinantes para mais uma vez curtir minha insônia, meu ressentimento de não poder tê-la para sempre, só para mim, pois sou um poço de mistérios e planícies. 

Enquanto vago sozinho, me perco em alguns corpos, imagino você arranhando minhas costas e dando risada das minhas piadas sem graças, pode parecer loucura, mas você é a minha doce dose para fazer o momento ruim desaparecer; é só por você que cozinho e em seguida bebo vinho sentado no tapete da sala.

A vida é breve, a brisa é leve e o prazer te quer, serei para sempre seu amante em noites de tristezas, eu sempre volto, só não me espere para jantar amanhã...

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Sobre a minha solidão...

Aquela rotina de sempre, chego no apartamento que agora é meu, gostava quando era nosso e de repente você veio para passar o final de semana e já ditava as regras por aqui. No chuveiro ainda só cai água fria, ranzinza, não escuto mais suas vozes à reclamar. Já são quase 9 horas da noite e incrédulo leio em silêncio, buscando paz dentro da minha insalubre e inquieta mente, você se foi; seu coturno ainda está aqui, não sei se você está bem.

Bebo seu vinho favorito e ainda coloco dois pratos sobre a mesa, mania tola de imaginar você entrando pela porta, a solidão maltrata minhas doses particulares. Essa noite choverá novamente.

Enquanto desfaço a mala da viagem, já faço-a novamente, talvez a minha ausência tenha feito você procurar outro alguém. O término deve ter sido culpa minha, seguirei esperando a surpresa da sua volta, e quando esse dia chegar, não precisa se preocupar... seu prato estará posto a mesa, vou querer saber como foi o seu dia.


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Nessas madrugadas...

E já são duas horas da manhã, porra, amanhã é segunda-feira. Eu não me importo, me perco em suas curvas e sem atalho percorro seu corpo sagaz, buscando a linha de chegada, minhas mãos são suas, e se fossem olhos nós brincaríamos de voyeur...

Você sorri e sussurra em meu ouvido, não pensamos em trabalhar amanhã, geme em meus ouvidos, dizendo que me ama, o suor nos envolve e queima às cortinas, o vermelho paixão que arde sobre nossos corpos faz os lençóis encharcarem depois de horas fazendo amor. Eu não me importo que já são quase cinco...

Ainda sob efeito do calor, seu vinho preferido posto em taças, brinca com seu pé sobre meu peito para que eu possa acariciá-lo e beijá-lo, tamanho 35 que me fascinam, não pense o contrário, seu corpo inteiro é meu, e o dia já está raiando.

Devagar, rosas e violetas exalam seu perfume natural, o ecstasy alcançado, chove lá fora e mais uma vez verão, nossa cama é perdição, aguça meus sentidos e mais uma vez me perco em sua perfeição. Os gritos são despertadores, já se passa das sete; ainda preciso te fazer dormir, e impressionantemente até dormindo você sorri, faz amor em seus sonhos, e meu amor é todo seu.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Enquanto você dançava...

Marília tem botas engraçadas, seu vestido vermelho era longo e me enfeitiçou, ela não me notou, pois sorria e as covas logo insistiam em aparecer, seus olhos fechavam, flechadas em meu coração, ela estava feliz por não ter me notado; aliás, ela estava se escondendo do mundo aquela noite, e eu estava me escondendo dela desde então, ela costuma ser um raio, eu fujo de raios, pois não consigo contê-los. Marília dançava e rodava sem parar, tímido só observei no fundo do bar, afinal eu não era dali, você nunca irá para um bar para ser atingido por um raio, Marília é a famosa viajante solitária da janela desejada de um ônibus lotado, eu sou apenas o o também solitário dono das poltronas de corredor.

Uma hora ela tinha que parar de dançar, mas não precisava ser logo após meu convite, pisei no seu pé esquerdo e ela logo sentiu uma dor infinita no dedo. - ok, eu sou um idiota; não me culpem quando escutarem essa história por aí. - As risadas soavam gentis, como raios nos finais das tardes anunciando uma grande tempestade, e eu decifrava alguns olhares raivosos para a pista de dança, Marília queria estar lá, eu estraguei a noite da solitária viajante, pelo menos ela aceitou a bebida, dispensou a massagem. Óbvio, quem aceitaria a massagem de um estranho, se estivéssemos em 1980 eu seria um soldado de férias, buscando o amor, buscando o raio que não veio em todas as viagens que fiz; barba por fazer, exploro suas mãos com as minhas e brinco de fazer poesia, Marília ri sem parar. Chora e explora seus pecados, vai embora e leva meu dia turvo.

Eu não pedi dias ensolarados, o horizonte tenta ser claro e limpo, mas eu prefiro raios, ela não pode ter ido embora; um raio só cai uma vez no mesmo lugar, não!?

Marília segue feliz, tentou fugir pela chuva, persisti e encontrei seu esconderijo. Abracei como se fosse nossa última tempestade, ela pegou minha mão e me beijou, enfim precisou de alguém para sentar ao seu lado nas suas viagens, hoje seguimos com sensações melhores, onde há chuva, seus raios me atingem.

Marília sabe por si só manter um solitário apaixonado, hoje o raio caiu duas vezes no mesmo lugar; diga-se de passagem, obrigado por permitir que eu te veja dançar, por mais que eu não pise mais em seus dedos, sei que o dia turvo é meu, por você eu não tenho mais medo de raios, pois sou apaixonado pelo raio mais bonito que ousou me acertar.