domingo, 28 de outubro de 2012

Em apenas uma noite

Chovia horrores lá fora, a janela batia e as cortinas dançavam pelos ares, o frio tangia sobre o ar que geava os carros e as árvores, alguns granizos caíram também, lá dentro não, calor incandescente, edredons no chão.

O volume áspero dos gritos sussurram as paredes, alguns quadros estavam tortos, a cama arrastava, parecia  que havia passado um tornado, mas eram apenas dois amantes se entregando e dispostos a fazer verão. As pernas da linda moça tremiam, tremiam ao gozar enquanto encostava seus peitos sobre a boca do rapaz, feições italianas e ombros largos, ela não, pequena e linda moça, pele clara e doce, nenhuma cicatriz, ao não ser as dos corações, talvez essas não sejam percebidas pelos homens, mas depois dessa noite terminou, as dores enfim terminaram.

Enquanto beijava sua barriga, as unhas urgiam a carne das costas, selvagens dispostos a tudo, dispostos a perder os moldes do romantismo, nada romântico. Vulgares e felizes, suas mãos deslizam entre as pernas desta moça, sensações jamais sentidas, toda arrepiada sentia os lábios deste rapaz apimentar essa relação, inédita relação. Os cheiros foram ficando exuberantes, a luxúria estava no ar, ele sabia conduzir, seus braços fortes trazia essa linda moça para si, e por mais vulgar que fosse, tratava-a com delicadeza, sem muitas marcas, porém com muitos gemidos e gostares verdadeiros.

Estava alucinada, sentiu aquecer a sua pelve cada vez mais profunda, os olhos viravam, mudavam de cor e as coxas transcorriam o suor que nunca havia sentido antes e fisicamente o impulso se fez, mesclando ritmos lentos e rápidos, porém em perfeita sintonia, nascera um amor, ao menos aquela noite, sem egoísmo, apenas para os dois. Abraçados na cama, a chuva parou, nasceu o sol e os brindaram, sorrisos nasceram, de agora em diante sorrisos.


domingo, 14 de outubro de 2012

A saudade não existe mais

Mais uma vez cheguei de viagem e você estava deitada no sofá, talvez a me esperar. O pássaro cantava na janela, eu vinha cheio de saudades e trazia presentes comigo, o nome dele era Babão e as dobras da barriga te faziam chorar. Sei que estive ausente, o peito sente, assim como as lágrimas que decidiram secar, porém voltei e pude perceber que você ainda é minha, que você não me abandonou.

Já tive algumas mulheres que me prometeram o céu, mas não me tiraram do chão, você não, você não.  Você é diferente, fecha os olhos quando me abraça, o carinho em seus braços te faz sorrir como criança, sem distância, corpos fazem amor e mais uma vez nos temos promessa para nunca mais haver distância.

Sento perto da janela e tomo meu whisky, te vejo desenhar seus quadros com o corpo pintado, tenho a vida que pedi a Deus, simples, porém o nosso lugar, quero logo parar de trabalhar e te amar essa noite inteira até cansar, amanhecer e permanecer em seu coito, sussurrar em seu ouvido e te fazer virar o olho, um bom filme passa pela minha cabeça, somos felizes juntos, e espero que dessa noite você nunca esqueça.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Quarta-feira de cinzas

E mais uma vez palavras foram ditas, jogadas ao vento por não acreditar em suas mentiras. Você costumava ser a mentira mais gostosa que dizias, hoje não mais. Disposto a não te querer, retalho dias melhores, e logo aos poucos estão nascendo por aqui.

"Ame a si mesmo e não aos outros" - Diria os sábios, porém tolos. Amo a todos e dependo de mim para ser feliz, pois amarei os certos a partir de agora. O que tivemos não foi amor, apenas carnaval, eis que surge agora quarta-feira de cinzas em plena primavera.

Eu gosto do cheiro das flores e elas não morrerão em seu jardim sedento a solidão e tulipas sem cor. Elas viverão por aqui, longe da sua vontade de querer viver sozinha, uma flor que é murcha e sem perfume, distante de toda felicidade que pode ser regada.