terça-feira, 7 de maio de 2013

O fim que se aproxima [ part. final ]

... e meu telefone não tocou no horário habitual, cinco horas de um novo dia e todas as luzes do escritório estavam apagadas, quase todas, uma ou duas ligadas, jovens advogados trabalhando com os relógios pendurados no pescoço faturando 300 ou 400 reais pela hora labutada.

Será que foi aí que pequei? Muito trabalho, ganância e vontade de crescer, talvez tenha esquecido amar e não saberá mais reascender a paixão. Foram apenas alternativas, o momento nos transforma nessa máquina sem sentimentos, insensível, insípido.

Detesto ter um longo dia de trabalho e não encontrar Angeline, porém dessa vez nunca mais, bilhetes por toda casa faziam quebra-cabeças tortuosos. Já estava exausto, mas sabia muito bem decifrar seus códigos, me perdi ao sentar no sofá, esgotado depois de quinze horas trabalhadas, todos bilhetes postos na mesa de centro do nosso apartamento, do meu, melhor dizendo.

Okay, você dizia que já tinha tudo o que precisava e eu não sabia lidar com sua dor, que era apenas mais um à tentar livrá-la da solidão ou do medo de não se apaixonar por alguém novamente. Angeline deixou isso bem claro quando veio morar comigo, que era complicada, e que quando chovia, dilúvios rolariam sempre. Me falou também que NUNCA soube lidar com os problemas e não quisera ser inconveniente para alguém.

Eu sempre gostei de sentar do lado dela e escutar os palavrões, essa terapia me fez bem durante esses anos, diga-se de passagem, era a única coisa que o nosso relacionamento tinha, carinho para escutar todos os problemas do nosso cotidiano difícil, isso fazíamos como ninguém, pois cansávamos e logo sorríamos até trocar carinhos.

Pouco importou, eu fui um cara legal, cobria-a antes de sair e não importava de fazer amor duas ou três horas a mais durante a madrugada; mesmo só eu acordando cedo e dormindo tarde, pouco importava mesmo.

Minha adega está vazia, levou todos meus vinhos, deixou a marca de um deles no meu tapete branco, levou nossa cadela Pérola para longe daqui, talvez ela também não gostasse tanto de mim assim.

São cinco horas da manhã de um novo dia, o café não está feito e o nó da gravata está torto, talvez eu ligue para Angeline, ou não, já foi árduo demais escutar da mesma de que já não precisa de mim.

N/A: Segundo e último capítulo dessa crônica, espero que tenham gostado. Caso não tenham lido o primeiro capítulo, o link estará posto embaixo dessa nota. Muito obrigado a todos. Beijos a todos, é por vocês que escrevo.

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