terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Cap. 03 - enquanto eu fingia estar bem...

...sucesso uma ova!

Cinco anos atrás eu resolvi esparecer, criei uma rotina ímpar, arrumei um trabalho extremamente cansativo nas praias desertas e pouco frequentadas da costa leste do México. Eu viajava malditos 120 quilômetros todos os dias, mas por momentos que pareciam intermináveis eu estava longe de Juliana. 

Aprendi inglês, já dominava o espanhol e conheci uma alemã também escondida por lá, logo comecei a me interessar pela língua alemã, logo comecei a me apaixonar por Gemma Bailey. A maldita nem sonhava com isso, era o plano de fuga perfeito dentro do próprio plano imperfeito que fora o meu maldito e abençoado casamento.

Eu entrava às 11 da manhã, mas comecei a chegar às 8 da manhã, enquanto em dias normais costumava sair às 19 horas e normalmente a rotina agora me fazia estar em casa às 23 horas (às vezes eu não voltava), já exausto, com pouco tempo de perceber aquelas olheiras tortuosas e aquele cabelo constantemente alterado; ora loiro; ora preto; ora loiro e preto. Detesto essa maldita, mas não estragarei mais tantas linhas sobre ela nesse capítulo.

Quando conheci a doce alemã, percebi que fugia de algo também, percebi quão solitária era, pensei que talvez tenha feito algo ruim, como eu. Geralmente penso nas mulheres como desastres naturais, como sou, quero que sejam também.

Gemma tinha olhos verdes e algumas sardas sobre o seu nariz grande, o qual fiquei apaixonado desde o primeiro bom dia trocado. Ela entendeu a minha maldita situação e depois de três meses de uma romântica amizade nós fomos para o quarto de hotel que a mesma alugará sem tempo para devolução de chaves.

O primeiro encontro foi quente, a cortina pegava fogo enquanto pela fresta o sol tentava nos intimidar. Calcinha no chão, na ponta do pé empinava a bunda em uma performance incrível nos ritmos da música que suavemente atravessava o quarto. Ela sabia como conduzir a dança, quando menos percebi já estava em seu compasso, já estava dentro do seu corpo, pulsando taquicardia sinusal. Ela adorava a forma que pegava em seus peitos por trás, pois enquanto gemia Gemma encostava a nuca em meu pescoço e pedia mais, pedia mais forte e dizia que tudo era meu e que a partir daquele momento tudo seria nosso.

Ela arrepiava do cóccix até a medula, nua em pêlo e como de costume quis tomar conta da situação e em movimentos elásticos me fez esquecer da vida, me fez esquecer do mundo que tínhamos ao nosso redor. Fez esquecer meu casamento e a maldita Juliana. Maldita Juliana, me condenei na mesma hora por estar traindo a garota popular do colégio, a filha da puta da mãe dos meus filhos, a minha mulher fiel que nunca se arrumará para tentar me agradar, que nunca se esforçará para salvar o nosso maldito casamento. Eu não queria me culpar, Gemma não era uma válvula de escape, Gemma tinha problemas maiores que o meu, começaríamos uma vida nova dali para frente, onde faríamos amor frente ao mar, onde seu cabelo colaria o suor do meu peito, onde, inclusive, todos os dias eu poderia me apaixonar pela mesma mulher.

Longos anos com Gemma, até a maldita aparecer de surpresa em nosso aniversário de namoro, Gemma está morta.

Maldita Juliana...

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