segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Adeus Ana

Ana costumava arrancar suspiros pela manhã. Enquanto andava no elevador, os porteiros, o zelador e até os idosos ficavam admirados com os olhos, eles sempre brilhavam nas câmeras. Ana sabia que os domingos  de manhã, enquanto saia de bike pela cidade, todos os olhos se atentavam para os cabelos escuros de Ana, pois o contraste com sua pele clara era único. Até na fila do pão, as senhoras de idade se admiravam, as mesmas pegavam em suas mãos, mãos perfeitas, pães e leites pela manhã, Ana era perfeita, quem seria o sortudo? O neto jovem de uma senhora simpática poderia ser, risos doces nessa manhã, Ana sabia ser conquistadora, conquistava a todos.

Ao me acordar com café da manhã na cama, Ana falava dos problemas do apartamento, eu precisava arrumar a resistência do banheiro, precisava pintar a parede da sala, ela queria vermelho paixão, pintei um pouco dos braços e das pernas dela também. Ela reclamava, mas os lábios encostavam e os dentes rangiam, ela ria sem parar.

Ana resolveu ir embora, não entendi o porquê, mas acordei e o café da manhã não estava feito, e no espelho o batom vermelho ditava apenas um ADEUS.

Ana deve ter se enjoado de ser bonita apenas pra mim, ela está certa. Um sorriso daquele deve partir para o mundo, o mundo sempre esteve aos pés dela mesmo. O meu problema, a sina perdida de não conseguir te ver sorrir mais, angústia que me faz mal. Não tem como eu vê-la mais sorrir, por mais que eu só queira o seu melhor. Não quero mais os sorrisos de Ana.

Preciso logo quebrar aquele quadro na parede vermelho paixão.

2 comentários:

Leo Stortti disse...

Acho q é uma dos seus melhores romances! Parabéns, vc tem evoluído demais! Grande abraço!!!

Diulia disse...

Liiiindooo, Adoreii! ;)