domingo, 17 de abril de 2016

Sobre o seu até logo...

...eram quase quatro horas da manhã quando o interfone tocou. Você subiu molhada, chovia muito lá fora. São Paulo tem dessas coisas, chuvas torrenciais que nos isolam por dias. Algumas roupas suas ainda estavam por aqui, todas separadas e diversamente lavadas para não cheirar mofo. Há tempos você partiu, sequer troquei a fechadura. Vestido preto e curto, vinho enquanto escutamos Valerie June, você sorri e sente saudade. Sutis toques em minhas mãos. Senti o maior dos calafrios, pois jurei não permitir sua volta, resolvestes partir, permaneci inócuo. Anos sem me apaixonar, calcinhas e sutiãs, café da manhã e nada mais. Às vezes, táxi madrugada dentro. Foi bom enquanto durou, uma noite e nada mais.

Batom vermelho sangue, soltou o cabelo e pediu para ficar aquela noite. Aceitei, pois já estávamos na cama. Já estávamos fumando um, rimos por sermos tão íntimos, tantas outras já passaram por aqui, todas expulsas por mim, despedidas cruéis...os piores xingamentos, eu sou um monstro.

Quase duas horas da tarde, você não estava mais do meu lado. Amadureci e entendi sua partida, seu até logo nunca será um adeus, transaremos como se não houvesse amanhã e, mais uma vez...o amanhã nunca existiu!

Um comentário:

Anônimo disse...

O único jeito de ter você
perto de mim .E lendo seus romances!