domingo, 12 de agosto de 2012

Solidão se fez

- Fala baixo, que merda garota, será que nunca vai entender que preciso de silêncio para me concentrar enquanto trabalho em casa?

- Você me pede silêncio, mas enquanto fazemos amor pede barulho em seus ouvidos. Qual é o seu problema? Você diz que tem trabalho, diz que ama o que faz, mas vive estressado e para isso precisa se embebedar por todas as noites, vá a merda, seu silêncio e seu trabalho.

Evitei esse diálogo, mas diante tudo o que aconteceu, ela estava certa. O silêncio se fez, alguns amigos meus se foram, juntamente com meu pai, a dor da solidão se fez neste dia. Me entreguei para a insônia, não quis superar, crescer e me tornar alguém melhor. Ela levou alguns livros, nosso bulldog também se foi, mas não o meu amor, maldito amor!

Hoje posto frequência no escritório, me envolvo e não me olho no espelho, monstro que sou quebraria vidraças, maldito teto de vidro. Preciso entender anseios que foram distintos a tudo que lutei, me tornei o que combatia quando jovem, sacrifícios a parte, manhãs de domingo no cemitério, conversas que são jogadas aos léos, sim, entreguem flores a quem os inspiram enquanto possam sentir o cheiro delas. Talvez eu tenha morrido também.


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